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Após evacuação por risco em barragem em MG, moradores criticam falta de informação

FolhaPress | 17/02/19 - 19h40

O dia seguinte à evacuação de emergência de 49 famílias de Macacos, distrito de Nova Lima (MG), na Grande Belo Horizonte, foi de cadastro e busca de informações no centro comunitário local. 
Segundo dados da Polícia Militar de Minas Gerais e da Defesa Civil, até a tarde de domingo (17), 110 pessoas haviam sido cadastradas, respondendo questões sobre endereço, número de pessoas que viviam nas casas e se tinham animais de estimação. 
Destas, 42 pessoas foram encaminhados a hotéis pela Vale. Houve ainda algumas que preferiram ficar em casas de parentes e não se registraram com as equipes. 
Caso de famílias como a do jardineiro Ivan Marques da Silva, 23. Ele, os pais e os irmãos foram para a casa da avó, que fica em uma parte fora da área de risco, em Macacos. 
"Hotel em Belo Horizonte não é viável. A gente ficou sabendo que teriam pessoas tentando furtar as casas, preferimos ficar por aqui mesmo. Ninguém diz quando vamos poder voltar", conta ele. 
A informação de possíveis roubos as casas evacuadas foi descartada em entrevista a jornalistas pela polícia. Uma equipe de 40 policiais faz o reforço para evitar crimes. 
À reportagem, a Vale disse que trabalha no mapeamento de alojamentos e pousadas próximas para tentar relocar as pessoas. Ainda não há prazo para definição dos locais. 
Em nota, a empresa afirma que comunicou alguns moradores dos quais tinha contato por telefone sobre a mudança no nível de emergência das barragens B3 e B4, da Mina Mar Azul, e que está prestando apoio a Defesa Civil.
O município de Nova Lima (a cerca de 25 km de Belo Horizonte) tem 26 barragens, de propriedade da Vale e outras mineradoras. Seis delas estão em Macacos.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais diz que ainda não há prazo para mudança de alerta no caso das barragens do município de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, que levaram à evacuação de cerca de 170 pessoas do distrito de Macacos, neste sábado (16). 

INFORMAÇÕES TRUNCADAS
Segundo o presidente da Associação de Moradores de Macacos, Raul Franco, a comunidade ainda busca informações de como será a segunda-feira. Muitas pessoas que vivem no distrito trabalham e estudam em Belo Horizonte, cinco pontos de acesso ao local seguem com bloqueios. 
"Se atinge um, atinge a todos, ninguém aqui está tranquilo. O pessoal fora da área de risco está disposto a acolher os outros, mas estamos cheios de dúvidas", relata ele. 
Por volta das 20h30 da noite de sábado, um carro da Vale parou em frente à casa de Nair de Oliveira, 63, para retira-la de casa. Cadeirante há dois anos, por conta de um AVC, Nair foi levada com os dois filhos para o Centro Comunitário da região onde teria de esperar informações. 
Mais tarde, a empresa disse que sua casa não estava na área de risco e levou a de volta. No domingo, porém, ao buscar informações, a sobrinha dela Tainara Luiz, 19, descobriu com funcionários da empresa que a residência da tia voltou a estar na zona considerada de risco em caso de rompimento. 
"O mesário do cadastro disse agora que está, vamos ver o que fazer", diz ela. 
Mesmo quem está fora das zonas de risco se diz preocupado. A doméstica Glaucia Oliveira Luiz, 40, tia de Tainara, conta que também está com medo. "Medo de perder as coisas que lutei 40 anos para ter. Morei minha vida inteira aqui".