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Ataques a mesquitas deixam pelo menos 49 mortos na Nova Zelândia

BBC | 15/03/19 - 07h51
Vítimas são socorridas por agentes | Reprodução / Twitter

Pelo menos 49 pessoas foram mortas e mais de 20 ficaram feridas em tiroteios realizados nesta sexta-feira em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia. A primeira-ministra do país, Jacinda Ardem, classificou os ataques como atos terroristas.

E o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, descreveu um suposto atirador, que tem nacionalidade australiana, como um "terrorista violento de extrema direita".

Quatro pessoas - sendo três homens e uma mulher - foram detidas pela polícia neozelandesa. Por enquanto, uma delas, de quase 30 anos, foi acusada de homicídio.

De acordo com o jornal Herald, de Christchurch, o suspeito australiano teria escrito um manifesto dizendo que estava pronto para realizar o ataque. No texto, ele se declarava como anti-imigrante e adepto da ideologia de extrema direita. Um dos atiradores fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais, com uma câmera acoplada à cabeça, em que aparece disparando indiscriminadamente contra fiéis no interior de uma das mesquitas.

O Facebook anunciou que removeu as cenas postadas em sua plataforma e também do Instagram - foram apagadas ainda manifestações de apoio aos ataques que tinham sido publicadas. A polícia fez um apelo para as pessoas que tiveram acesso a não compartilharem as cenas "extremamente perturbadoras".

O que sabemos até agora?

Os ataques teriam começado às 13h30 (hora local) desta sexta-feira. Segundo a polícia, "múltiplas fatalidades" foram registradas em dois locais. A sequência de eventos ainda não está clara - a maior parte do que se sabe até agora vem de relatos de testemunhas para a imprensa local. Também não está claro quantos atiradores participaram do atentado.

A primeira notícia de ataque veio da mesquita Al Noor, localizada no centro de Christchurch, em frente ao Parque Hagley. Testemunhas contaram que precisaram correr para se salvar e viram pessoas sangrando no chão do lado de fora do prédio.

Uma segunda mesquita no subúrbio de Linwood também foi evacuada. Mas, por enquanto, há poucos detalhes sobre o que teria acontecido lá. A polícia desativou ainda "uma série de (dispositivos explosivos) presos a veículos", segundo informou o comissário de polícia, Mike Bush.

Um sobrevivente que não quis ser identificado disse à TV New Zealand que estava na mesquita Al Noor quando viu um homem ser atingido no peito. O atirador teria atacado o salão de orações dos homens primeiro, e se dirigido para o das mulheres na sequência. "Tudo o que eu fiz foi basicamente esperar e rezar, pedir a Deus para acabar a munição dele", contou a testemunha.

Um palestino que também pediu para não ser identificado disse à agência de notícias AFP que ouviu barulho de tiros e viu um homem ser baleado na cabeça.

"Eu ouvi três tiros rápidos, depois de cerca de 10 segundos começou de novo - devia ser uma arma automática, ninguém conseguiria puxar um gatilho tão rápido", disse ele.

"As pessoas começaram então a correr. Algumas ficaram cobertas de sangue."

Polícia em alerta

"A polícia está respondendo com toda a sua capacidade para administrar a situação, mas o risco continua extremamente alto. A polícia recomenda que os moradores de Christchurch permaneçam fora das ruas e dentro de suas casas até novo aviso", diz o comissário de polícia, Mike Bush.

Equipe de críquete escapa de ataque

A equipe de críquete de Bangladesh parece ter escapado por pouco do tiroteio. Um repórter que acompanhava a equipe, que jogaria contra a Nova Zelândia no sábado, tuitou que o time "escapou de uma mesquita perto do Parque Hagley, onde havia atiradores em ação". O jogador Tamim Iqbal tuitou que "toda a equipe foi salva dos atiradores".

O porta-voz do Conselho de Críquete de Bangladesh, Jalal Yunus, afirmou que a maior parte da equipe foi à mesquita de ônibus e estava prestes a entrar quando aconteceu o incidente. "Eles estão seguros. Mas estão mentalmente chocados. Pedimos à equipe que fique confinada no hotel", disse ele à agência de notícias AFP.