Economia

Bolsas sobem com retomada de negociações entre China e EUA

Folhapress | 05/09/19 - 22h24

A volta de negociações presenciais entre China e Estados Unidos deixou investidores mais aliviados nesta quinta-feira (5). Segundo representante do governo americano, Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, e Liu He, vice-presidente da China, conversaram ao telefone e marcaram um encontro presencial em Washington.

A data não foi definida, mas o Ministério do Comércio da China disse que a visita a capital americana pelas principais autoridades de Pequim estava marcada para o início de outubro.

"Esse novo desenvolvimento não altera a desconfiança entre as duas maiores economias globais, que seguem sem avançarem na direção de uma solução estrutural para as suas principais diferenças, mas traz um alívio adicional aos mercados no curto prazo", afirma relatório da Guide Investimentos.

Segundo porta-voz do Ministério do Comércio da China, o país não irá retirar o processo contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciado nesta semana devido às tarifas de importação impostas pelos americanos.

"Agora, com a imposição de novas tarifas esperada em outubro e dezembro, resta saber se autoridades sino-americanas terão a capacidade de avançar nas negociações desta vez, ou se no momento o foco maior é em manter a estabilidade dos mercados financeiros e reduzir o sentimento de incerteza que assolam as duas maiores economias mundiais", diz o documento da Guide.

O alívio da tensão comercial se somou a fortes dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. O indicador calculado pela empresa ADP mostra alta de 38% na criação de empregos em agosto, indo ao maior patamar em quatro meses.
O número é uma prévia da quantidade de funcionários na folha de pagamentos de empresas nos EUA, que será divulgado amanhã. 

Com o cenário positivo, as Bolsas de tiveram a segunda sessão de alta seguida. Dow Jones subiu 1,41%, S&P 500, 1,30% e Nasdaq, 1,75%.  No Brasil, o otimismo externo se somou a negativa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de rever o teto de gastos. 
Um dia depois de ter sinalizado apoio à revisão da emenda constitucional que congela os gastos do governo, Bolsonaro voltou atrás e disse nesta quinta apoiar a manutenção da norma. 

A Bolsa brasileira também foi impulsionada pela fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a inflação está sob controle e bem ancorada, com espaço para novos cortes na taxa básica de juros. Em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom)  reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual à nova mínima histórica de 6% ao ano.

"Iniciamos um processo de queda, mas não vou falar muito da parte de política monetária porque acho que todos têm acompanhado. Na última comunicação caímos os juros em 50 pontos básicos, embutindo espaço para uma queda adicional", disse Campos Neto em evento do Americas Society/Council of The Americas.

Cortes na Selic impulsionam o mercado de ações, que se torna mais atraente que os ganhos de renda fixa e amplia os ganhos das empresas, com diminuição das dívidas ao passo que o juros caem. O Ibovespa terminou o pregão em alta de 1,03%, a 102.243 pontos, maior patamar desde 13 de agosto. O giro financeiro foi de R$ 16,505 bilhões, dentro da média diária para o ano.

Quanto ao dólar, Campos Neto afirmou  "que as intervenções cambiais funcionam como mecanismo de estabilidade no mercado de câmbio". Ele voltou a avaliar que o Brasil tem posição "bastante sólida" na parte externa, enfatizando a importância da posição cambial líquida detida pelo país, que considera ser a medida adequada de proteção efetiva.

A recente disparada do dólar e o posterior reforço do Banco Central nas intervenções cambiais levantaram dúvidas no mercado sobre se a valorização da moeda americana poderia estar incomodando o BC a ponto de limitar espaço para cortes de juros.
Nesta quinta, o dólar terminou cotado a R$ 4,1100, com leve alta de 0,09%, após queda de 1,8% da véspera.