Bombas da Segunda Guerra fazem Alemanha evacuar 20 mil pessoas em Colônia

Publicado em 04/06/2025, às 14h07
Colônia, na Alemanha, evacua 20.000 pessoas para desarmar bombas da Segunda Guerra - Divugação / Jens Korte / Conselho de Turismo de Colônia
Colônia, na Alemanha, evacua 20.000 pessoas para desarmar bombas da Segunda Guerra - Divugação / Jens Korte / Conselho de Turismo de Colônia

Por José Henrique Mariante / Folhapress

Uma obra na margem do rio Reno encontrou três bombas da Segunda Guerra Mundial adormecidas em Colônia, quarta maior cidade da Alemanha. Nesta quarta (4), uma grande operação evacua um perímetro de um quilômetro de raio em torno dos artefatos, localizados em uma região central, obrigando a remoção de mais de 20 mil moradores.

Voluntários, bombeiros e policiais estão batendo de porta em porta para garantir que ninguém permaneça na área, que inclui um hospital, dois asilos, nove escolas, hotéis e museus no bairro de Deutz. Muitos idosos, sem ter para onde ir, família ou amigos, foram alojados em um pavilhão de exposições.

A navegação no Reno, o maior rio da Alemanha e uma das vias fluviais mais importantes da Europa, também está interditada no trecho.

Um estúdio da RTL, maior TV privada do país, também teve que ser esvaziado. Um dos apresentadores da emissora, afirmando que tinha que sair, pegou uma mochila e deixou a bancada de apresentação enquanto as luzes eram apagadas em plena transmissão. O humor também foi usado pela Gaffel am Dom, uma das cervejarias mais famosas da cidade, em frente à catedral gótica de Colônia, que abriu as portas logo pela manhã para servir de abrigo aos deslocados, segundo o diretor da casa.

"Venham, vocês têm um lugar seguro aqui. Sintam-se à vontade para ficar por seis ou sete horas", declarou Dennis Lieske à imprensa alemã, sublinhando que seu estabelecimento era um dos dois únicos da cidade que não foram fechados pelas medidas de restrição.

Sites e jornais acompanham a operação de isolamento, colecionando curiosidades.

Casamentos tiveram que ser transferidos para outros distritos, dois foram adiados e a festa de aniversário de Lukas Podolski, ex-atacante da seleção alemã e morador de Colônia, teve que ser confirmada por um assessor, após ter sido cancelada nas redes sociais. Aos 40 anos, completados nesta quarta (4), Podolski ainda atua, no futebol polonês.

Sobram também explicações para o fato de Colônia com frequência encontrar bombas não detonadas da Segunda Guerra, mesmo oito décadas mais tarde. Apenas no ano passado, 31 artefatos foram descobertos na cidade. Porém os desta semana, de origem americana, são de alto potencial explosivo, o que explica o esforço e a dimensão da evacuação na cidade de 1 milhão de habitantes.

Colônia era considerada um alvo estratégico pelos aliados devido à quantidade de indústrias e linhas de trem, vitais para distribuição de bens e mercadorias. Em 1942, a Força Aérea britânica adotou uma nova diretriz, trocando os ataques de precisão por bombardeios maciços que afetassem "o moral da população inimiga", na descrição de historiadores.

Um marco dessa estratégia ocorreu em 31 de maio de 1942, quando 1.330 aviões despejaram mais de 1.500 toneladas de explosivos e bombas incendiárias sobre a cidade. O saldo foi de 1.700 incêndios, 480 mortos e 5.000 feridos. Um ano mais tarde, a Alemanha nazista de Adolf Hitler já perdia a soberania aérea do conflito.

No total da guerra, Colônia sofreu mais de 260 ataques aéreos, que mataram cerca de 20 mil pessoas.

Outro fator para a quantidade de bombas encontradas na área da cidade foi o rio Reno, percebido pelos pilotos como uma faixa escura com margens iluminadas que facilitava a navegação noturna. Colônia ficava no caminho dos bombardeiros ingleses, que em voos de regresso frequentemente despejavam a munição excedente sobre a cidade, segundo estudiosos alemães.

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