Futebol Nacional

Botafogo perde do Sport e é rebaixado pela terceira vez em sua história

Folhapress | 06/02/21 - 07h04
Vitor Silva / Botafogo

O silêncio das arquibancadas vazias do estádio Engenhão, devido à pandemia de Covid-19, tornou ainda mais melancólica a derrota do Botafogo para o Sport nesta sexta-feira (5), por 1 a 0. Com o revés, o time carioca é o primeiro rebaixado desta edição do Campeonato Brasileiro.

Será a terceira vez que o clube de General Severiano disputará a Série B. A equipe também caiu em 2002 e 2014. Entre os quatro clubes grandes do Rio, apenas o Flamengo nunca foi rebaixado. O Vasco também caiu três vezes, e o Fluminense, duas -em 1996, porém, a equipe tricolor escapou após uma virada de mesa.

Uma vitória poderia ter adiado um pouco mais o descenso do clube da estrela solitária. Mas parecia tarefa difícil para um time que só conseguiu ganhar duas vezes como mandante neste Nacional, a última delas na distante 14ª rodada, ainda no primeiro turno, contra o Palmeiras.

Antes dessa vitória, também havia superado o Atlético-MG, na quarta rodada. No geral, acumulou ainda 10 derrotas e 5 empates. Entre os 20 clubes da Série A, o Botafogo tem o pior desempenho como mandante, pois somou somente 11 pontos -21,57% de aproveitamento.

Desta vez, mais do que nas duas primeiras quedas, o rendimento foi determinante para a equipe carioca ser rebaixada. Em 2014, o time somou 50,88% dos pontos como mandante –naquele ano, o fato de ter vencido somente um jogo como visitante e ter sido derrotado 16 vezes foi determinante para a queda.

Em 2002, na última edição do Nacional antes da adoção dos pontos corridos, o rendimento foi de 41,3% em seus domínios. Na ocasião, o campeonato foi disputado em duas fases. Na primeira, todos os 26 clubes se enfrentaram em turno único. Depois, os oito melhores seguiram para um mata-mata e os quatro piores caíram.

Lanterna do Brasileiro na atual temporada, o Botafogo acumula 24 pontos, quatro a menos que o Coritiba, o 19º. São 4 vitórias, 12 empates e 18 derrotas. Um aproveitamento de 23,53% dos pontos disputados.
Quatro treinadores comandaram a equipe na competição: Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Ramón Díaz, além do atual, Eduardo Barroca.

Os fracassos em campo refletem os problemas de gestão do clube fora das quatro linhas. Em seu último balanço, publicado em abril de 2020, a agremiação apresentou endividamento de R$ 836 milhões.

A situação ficou ainda pior com a pandemia, e o clube alvinegro teve seu nome inscrito nos serviços de proteção ao crédito por atrasos em contas de consumo básico, como água e luz.

Com a dificuldade de equilibrar receitas e despesas, Durcesio Mello, presidente que assumiu o Botafogo em novembro, acredita que a solução mais viável é a transformação do clube em sociedade anônima.

O projeto de lei do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que cria benefícios para as agremiações de futebol se tornarem empresas, contempla a possibilidade de elas ingressarem com pedido de recuperação judicial.

A proposta do deputado é que os times apresentem um plano de reestruturação e, se ele for aprovado, as dívidas fiquem congeladas enquanto a instituição negocia com seus credores, sob mediação de um juiz. O texto do projeto já passou pela Câmara Federal, mas não foi votado ainda no Senado.

BOTAFOGO

Diego Loureiro; Kevin, Kanu, Sousa, Victor Luis (Hugo); Zé Welison, Caio Alexandre e Romildo (Matheus Babi); Matheus Nascimento (Lecaros), Cesinha e Rafael Navarro (Kalou). T.: Eduardo Barroca

SPORT
Luan Polli; Patric, Iago Maidana, Adryelson e Júnior Tavares (Sander); Ewerthon (Rafael Thyere), Betinho (Marcio Araújo), Marcão e Thiago Neves (Luciano); Marquinhos (Raul Prata) e Dalberto. T.: Jair Ventura

Estádio: Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (SP)
Assistentes: Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (SP) e Daniel Luis Marques (SP)
VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP)
Cartões amarelos: José Welison (BOT); Betinho, Ewerthon e Raul Prata (SPT)
Gols: Iago Maidana (SPO), aos 23min do 1ºT