Economia

Brasil só tem estoque de fertilizantes para três meses, informa associação

Extra | 03/03/22 - 23h05
Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou, nesta quinta-feira, que o Brasil só possui estoque de fertilizantes até o próximo mês de junho. Segundo a entidade, ainda é prematuro avaliar em profundidade os possíveis impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia no agronegócio brasileiro.

A crise no abastecimento já existia antes da guerra, com as sanções aplicadas à Bielorrússia. O alvo é o presidente daquele país, Alexander Lukashenko: pesa sobre ele uma série de acusações, como fraude na eleição, tráfico de imigrantes e violação aos direitos humanos.

“A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado”, diz o trecho de uma nota divulgada pela associação.

O texto destaca que o volume atual está acima da média dos anos anteriores. Porém, observa que o Brasil importa cerca de 9 milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, ou seja, em torno de 25% de tudo o que é comprado no exterior.

Um dos componentes que causam preocupação é o cloreto de potássio. Mais de 2 milhões de toneladas já estavam comprometidos com as sanções anteriores à Bielorrúsia e outros 3 milhões de toneladas esperados têm como origem a Rússia.

Outro ponto de atenção destacado pela Anda se refere aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, “porque importamos volume expressivo da Rússia”. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual. “Vale ressaltar que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas”, salientou a entidade.

Outra questão acompanhada com cautela pela Anda é a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito. Isso gera dificuldades para transportar os insumos, como foi registrado nas operações no Mar Negro. “Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando.”

“A Anda reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo”, conclui a nota.