Brasil

Brasileira ficou tetraplégica após ingerir sopa contaminada com bactéria nos EUA

O Globo | 09/09/24 - 15h55
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A brasileira Claudia de Albuquerque Celada, de 23 anos, contraiu uma bactéria rara e desenvolveu botulismo, uma doença grave com potência neuroparalítica para o corpo humano, enquanto fazia um intercâmbio em Aspen, nos EUA. Cacau, como a brasileira é chamada pela família, foi infectada pela bactéria Clostridium botulinum (C botulinum) ao tomar uma sopa industrializada que estava contaminada.

Alimentos enlatados fazem parte de um hábito de alimentação muito comum nos Estados Unidos e também são outras fontes muito associadas à doença. O botulismo, de acordo com material do Ministério da Saúde, é uma doença grave e rara que, ao ser desenvolvida, começa a paralisar o corpo.

O agente etiológico, causador da enfermidade, entra no corpo humano por meio de ferimentos ou pela ingestão de alimentos contaminados que não têm produção e/ou conservação adequada.

Com a internação em um hospital americano, onde não há saúde pública gratuita, a irmã de Cacau contou nas redes sociais que os gastos com a internação e exames da jovem já beiravam os US$ 2 milhões de dólares (cerca de R$ 10 milhões). Cacau ficou mais de 60 dias no local, e cada diária na unidade de saúde custava aproximadamente US$ 10 mil.

— Para a conta do hospital não aumentar, a gente começou a trabalhar com a possibilidade de ela ser transferida via ambulância aérea para o Brasil. Ela ainda não tinha liberação para isso, todas as equipes médicas já haviam liberado menos o pneumologista. Mas ontem (dia 15 de abril), ele liberou ela para ser transferida. Nós só precisamos acertar todos os detalhes da ambulância para levá-la — afirma a irmã da intercambista, a também estudante Luisa Albuquerque Celada, de 28 anos.

Até então, a família também organizava uma vaquinha online, mas o hospital decidiu custear a ambulância aérea da garota de volta para o Brasil. A informação foi divulgada pela irmã da brasileira, Luisa. O seguro de saúde contratado pela jovem cobriu cerca de US$ 100 mil das despesas médicas, e antes de retornar ao Brasil, a secretária de saúde de Aspen, informou à jovem que ela seria incluída em um programa de assistência do governo dos Estados Unidos, o que poderia auxiliar no pagamento de parte das despesas hospitalares.

Apesar da complexidade do botulismo, Luisa afirma que os médicos preveem a recuperação completa para Cacau. Após meses de internação, ela conseguiu voltar a escrever o primeiro nome sozinha e a respirar por 1h, ainda que com o auxílio do respirador.

A brasileira foi internada no dia 17 de fevereiro de 2024, com um quadro inicial de falta de ar, tontura e visão turva, de acordo com Malu Brito, de 24 anos, amiga de infância da brasileira. Logo que chegou ao hospital, o seu corpo começou a apresentar a paralisação que caracteriza a doença. O diagnóstico foi concluído depois de 15 dias.

Segundo Luisa, que conversou por mensagens com a reportagem, nem mesmo os médicos sabiam direito como tratar a doença.

— Eles falam que é uma doença extremamente rara, a maioria deles nunca pegou um caso de botulismo na carreira, tiveram de ‘estudar’ sobre essa doença para atendê-la da melhor maneira — diz.

Como identificar a contaminação por botulismo em alimentos?

Em muitos casos, os alimentos contaminados com botulismo podem não apresentar sinais visíveis de contaminação, mas há alguns indícios que podem sugerir a presença da toxina:

  • Estufamento de latas ou embalagens: Se a lata ou embalagem estiver estufada, há um forte indício de crescimento bacteriano.
  • Mau cheiro: Alguns alimentos contaminados podem apresentar odores incomuns, embora a toxina não altere necessariamente o cheiro do alimento.
  • Alteração na cor ou textura: Embora não seja sempre visível, mudanças na aparência do alimento podem ser um sinal de contaminação.