Alagoas

Cães ajudam a manter rotina de segurança das unidades prisionais de Alagoas

Agência Alagoas | 28/02/20 - 18h07
Maysa Cavalcante / Agência Alagoas

Há muito tempo o cão é considerado o melhor amigo do homem. Porém, mais do que companhia, alguns cachorros têm exercido um importante papel no combate à criminalidade, contribuindo com a segurança da sociedade alagoana. É o caso dos animais que compõem o canil da Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris). Trata-se de um trabalho que por vezes passa despercebido, mas que tem ajudado os policiais penais na manutenção da ordem nos presídios.

Diariamente, os animais passam por treinamento com os profissionais que trabalham no canil, preparando-os para atuar, da melhor forma, em atividades de vigilância preventiva e para evitar tentativas de fuga ou princípios de motim, uma vez que apenas dois cães conseguem conter um princípio de tumulto em um raio do presídio. Ainda segundo os profissionais, o efeito psicológico de um cão na porta de uma cela hostil já é capaz de anular o ímpeto do encarcerado em um possível enfrentamento.

Atualmente, o canil do sistema prisional conta com 39 cachorros. Destes, seis são filhotes. Eles estão sendo treinados para desempenhar funções de intervenção, faro e guarda. De acordo com o secretário da Ressocialização e Inclusão Social, coronel Marcos Sérgio de Freitas, já está comprovado que as aptidões naturais dos cachorros, como o faro, contribuem para tornar mais eficiente o trabalho dos policiais penais.

“A presença dos cães no entorno das unidades prisionais já evitou a ocorrência de fugas. Dessa forma, percebemos que os animais representam um reforço importante para a manutenção da ordem. Por isso, continuaremos investindo na melhoria do nosso canil e contribuindo para que o trabalho do operador da segurança pública seja desenvolvido de maneira cada vez mais precisa”, afirma o secretário.

O aprimoramento genético dos animais é outra preocupação da Seris. Em novembro de 2017, o canil recebeu o reforço de oito cães da raça pastor-belga Malinois, muito utilizado pelas forças de segurança a nível mundial por ser considerado um cão completo. Segundo o gerente do Comando de Operações Penitenciárias (COP), capitão Alucham Fonseca, um cão treinado proporciona inúmeros benefícios para a segurança pública.

“Na área olfativa e auditiva, por exemplo, o cão é uma ferramenta que tem uma capacidade infinitamente superior que a de um ser humano, sendo responsável por reforçar a segurança orgânica das unidades prisionais. Devido às características fisiológicas, os animais contribuem não só para prevenir a ocorrência das fugas, como também nos casos em que elas ocorram. São eles que alertam os guariteiros, contendo, de forma mais rápida, os fugitivos”, destaca Fonseca.

E o canil do sistema prisional também conta com cães das raças Pit Bull, Pastor Alemão e Rottweiler. Todos passam por um rodízio para seja evitada a sobrecarga dos animais. A cada três dias trabalhados, os cães ganham um dia de folga.

Além de a aquisição de novos animais, visando à reestruturação do canil, a Seris investiu, ainda, na melhoria física do abrigo dos cães, facilitando o repouso e evitando o surgimento de doenças. Some-se a isso a compra de equipamentos para treinamento.

"Os cachorros são uma arma muito potente, inibindo possíveis tumultos e ajudando a garantir a segurança da muralha das unidades prisionais. No período noturno, a contribuição deles na segurança de uma unidade prisional pode chegar a 50%", atesta o adestrador Reginaldo Basílio, que, há mais de 20 anos, trabalha com os animais nos presídios de Alagoas.

Presídio do Agreste

Os cães não são utilizados para garantir a segurança das unidades prisionais apenas em Maceió. No Presídio do Agreste, no município Girau do Ponciano, 12 cachorros das raças Rottweiler e Pitbull contribuem para assegurar a ordem. De acordo com o gerente do Presídio do Agreste, policial penal Rodrigo Lima, o uso dos animais potencializa o desempenho dos trabalhos desenvolvido pelos servidores.


Foto: Maysa Cavalcante / Agência Alagoas

“Não há dúvida de que os cães são de extrema importância para a unidade prisional, já que atuam na segurança externa, evitando e auxiliando na contenção de fugas e nos alertando de possíveis ataques externos. Os animais também realizam intervenções junto com a equipe tática e, dessa forma, coíbem ações contra a guarnição”, analisa Lima.

Capacitação continuada

Para manter um bom nível do adestramento e treinamento dos cães, os servidores que atuam no canil participam de cursos e capacitações permanentemente. Adestramento básico, Seminário de Detecção de Substâncias por Cães e Cinotecnia - conjunto dos estudos, conhecimentos e técnicas ligados à criação e treino de cães, sobretudo para o desempenho de tarefas especializadas, como missões de salvamento -, foram alguns dos cursos aos quais os servidores já tiveram acesso.

Em 2018, ano em que a Seris realizou o 1º Curso de Cinotécnica no sistema prisional alagoano, os servidores da Ressocialização participaram do 4º Seminário Dog Show K9 de Comportamento e Obediência. Durante o treinamento, todos foram habilitados a analisar as aptidões dos animais e, com isso, direcioná-los para as funções de guarda, faro ou intervenção. Tais técnicas otimizam a análise, seleção e treinamento dos cães.

Parceria

Antes da estruturação do canil da Seris, eram os animais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) os responsáveis pelas intervenções em unidades prisionais, sempre que necessário. Além da atuação nas ruas durante as operações do batalhão, uma guarnição ficava à disposição da administração penitenciária, preparada para atuar no sistema prisional com o auxílio dos cães em qualquer eventualidade.

Contudo, em 2017, a secretário de Ressocialização, coronel Marcos Sérgio de Freitas, doou materiais de adestramento para reforçar o treinamento do canil do Bope. No mesmo ano, as instituições iniciaram o trabalho de adestramentos dos cães da raça pastor-belga Malinois adquiridos pela Seris. Atualmente, todos os cães que atuam na segurança do sistema prisional em Alagoas são da Ressocialização, de modo que a Seris, inclusive, já doou filhotes do sistema prisional para o Bope e 3º Batalhão da Polícia Militar (3º BPM).