Política

Câmara dos Deputados aprova proposta que torna rodeio e vaquejada manifestações da cultura nacional

01/12/15 - 18h45

Vaquejada como

Vaquejada como "manifestação da cultura" (Crédito: Reprodução/Allan Damasceno)

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (1º), em caráter conclusivo, proposta que concede status de manifestação da cultura nacional ao rodeio e à vaguejada, competições com animais praticadas principalmente no interior do Brasil. A matéria seguirá agora para análise do Senado, a menos que haja recurso para que seja examinada antes pelo Plenário da Câmara.

O texto final foi a junção feita pela Comissão de Cultura dos projetos de lei 1554/15, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), e 1767/15, do deputado Capitão Augusto (PR-SP). O relator na CCJ, deputado Efraim Filho (DEM-PB), recomendou a aprovação da proposta, que considerou de acordo com a legislação brasileira e uma forma de reconhecer duas atividades que geram turismo e valorizam o interior do País.

"Diferentemente da farra do boi e da tourada, o rodeio e a vaquejada não têm como objetivo o sofrimento do animal – próprio STF proibiu a farra e não proibiu os rodeios", argumentou o relator.

Polêmica

A proposta aprovada hoje causa polêmica porque a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos de Animais discute justamente a proibição dessas práticas, ao mesmo tempo em que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável analisa regras para rodeios e vaquejadas (PL 2452/11).

O deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), relator da CPI e do PL 2452/11 na Comissão de Meio Ambiente, chegou a pedir uma audiência pública, que foi realizada hoje pela manhã, para discutir a matéria, mas, como está na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (Cop 21), em Paris, não pôde comparecer ao evento.

O rodeio e a vaquejada são combatidos por organizações de defesa dos animais e apontados por elas como fontes de maus-tratos. Por isso, o deputado Max Filho (PSDB-ES) votou contra a transformação dessas práticas em patrimônio cultural. "Alguns hábitos antigos estão sendo substituídos em favor de uma nova cultura de valorização da vida, de proteção dos animais e combate aos maus-tratos", ressaltou.

Já para Efraim Filho, a decisão sobre o assunto virá do PL 2452/11, de sua autoria. "É preciso regulamentar essas atividades como um esporte, para que a gente possa fiscalizá-las. Hoje elas são realizadas sem nenhuma fiscalização, o que pode gerar abuso”, afirmou. “Agora, proibir os rodeios e as vaquejadas é excessivamente radical, quando você vê muito mais violência em lutas de UFC, que são transmitidas pela TV", completou o deputado.