Polícia

Chacina em Arapiraca: CAC matou homens após discussão e assassinou mulheres por queima de arquivo

TNH1 | 08/05/24 - 17h25
PCAL

A Polícia Civil de Alagoas encerrou o inquérito que investigou a chacina de quatro pessoas em Arapiraca. Segundo o delegado Everton Gonçalves, da Delegacia de Homicídios de Arapiraca (DHA), o empresário que confessou os assassinatos teria discutido com os dois homens e executado as outras duas mulheres por terem sido testemunhas. 

O crime ocorreu no dia 13 de abril, no Sítio Laranjal, zona rural de Arapiraca, e vitimou Letícia da Silva Santos, Lucas da Silva Santos, Eryk Juan de Lima Silva e Joselene de Souza Santos. 

"As mulheres teriam saído com o empresário na noite do acontecido, até o Centro da Cidade. O trio passou por uma agência bancária, onde o empresário sacou dinheiro, depois o trio seguiu até um estabelecimento, no bairro Boa Vista, em que compraram pizza e outros alimentos, e retornaram à Chácara. Ao chegar, continuaram a conversar e, em determinado momento, os dois jovens chegaram até o local. Momento em que se iniciou uma discussão entre o empresário e o jovem identificado como Lucas, que seria esposo de uma das mulheres e irmão da outra".

"O motivo seria, aparentemente, porque Lucas não teria gostado que sua esposa saísse com o empresário até o Centro da cidade. Isso teria desencadeado uma desavença entre as pessoas envolvidas. Por esse motivo acredita-se que o empresário acabou assassinando o Lucas e posteriormente o Erick. As mortes das duas mulheres, acredita-se também aqui na conclusão da investigação, se deu para fins de queima de arquivo. Ou seja, o empresário matou as duas meninas para se livrar das testemunhas em decorrência dos primeiros assassinatos", contou o delegado.

O empresário disse aos policiais que agiu em legítima defesa, mas as autoridades descartam essa hipótese. 

"Ele alega legítima defesa. Uma vez que ao retornar à chácara na companhia das meninas, encontrou os dois indivíduos dentro do imóvel e um deles portava arma de fogo, e teria efetuado disparo contra o empresário. Ele então teria reagido a essa investida e atirado no primeiro indivíduo e no segundo, com tiros na cabeça. Uma das mulheres teria ido até a cozinha, se armado com uma faca e partido para cima desse, momento em que ele teria matado a terceira vítima. A quarta vítima, identificada como Letícia, teria o agredido e ele se desvencilhado dela e a executado. É importante destacar que essa versão apresentada pelo suspeito não encontra nenhum respaldo dentro dos elementos coletados", afirmou o delegado.

Os outros dois homens presos em Sergipe, suspeitos de ocultação de cadáver, alegam que foram obrigados, mas a polícia não acredita na versão.  

"Os dois jovens foram presos posteriormente e estavam na casa no momento do acontecido, relataram em seus interrogatórios que o crime se tratou de uma verdadeira execução. Os dois jovens estariam rendidos pelo empresário, que portava uma pistola, e teria, após diversos xingamentos e agressões, executado friamente o jovem Lucas e depois o jovem Erick. Em ato contínuo, de maneira rápida, ele atirou também contra as duas meninas. Os dois alegam, o que não tem respaldo e credibilidade, que foram forçados pelo empresário a esconder os corpos, ou seja, participaram da ocultação dos cadáveres porque foram obrigados. A polícia não acredita que seja verdade. Acredita que eles participaram da ocultação dos corpos, mas de maneira voluntária", pontuou Everton Gonçalves. 

Foram solicitadas ao Instituto de Criminalística perícias de comparação balísticas entre as armas do suspeito e os projéteis encontrados nos corpos das vítimas, de modo que, após concluídos, os laudos serão enviados ao Poder Judiciário.

 Ainda de acordo com a Polícia Civil, todas as armas apreendidas com o CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) estavam com documentação correta. Apenas um acessório não estava registrado e, por isso, o empresário também responderá na Justiça. Em relação aos animais silvestres apreendidos, o homem não tinha autorização para criar a píton exótica e também será responsabilizado na esfera cabível. 

"Será solicitada a manutenção da prisão do empresário, autor confesso dos quatro homicídios. Será solicitada a revogação da prisão dos dois indivíduos que participaram da ocultação dos cadáveres. O fato deles terem sido forçados ou não a participarem e ajudarem a esconder os corpos será melhor instruído no andamento do processo", disse o delegado. 

O caso - Na sexta-feira, 19 de abril, um empresário de 38 anos, identificado como Reginaldo da Silva Santana, também conhecido como Giba, foi preso em Arapiraca, após confessar ter assassinado dois homens e duas mulheres. A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário no sábado, 20, mesmo dia em que outras duas pessoas ligadas ao caso foram detidas na cidade de Nossa Senhora da Glória, no estado de Sergipe.