Saúde

Cidade de São Paulo tem 9 casos suspeitos do novo coronavírus 

Uol | 26/02/20 - 17h50

A secretaria de saúde de São Paulo informou hoje que dos 11 casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus no estado, nove estão na capital paulista. Lorena e São Roque também têm casos suspeitos.

Do total de pacientes monitorados no estado, nove têm histórico de viagens para Itália ou China ou tiveram contato com casos suspeitos.

Segundo o secretário-adjunto da saúde do estado, Alberto Kanamura, o estado de São Paulo está preparado para receber novas notificações do caso, incluindo a preparação de ao menos mil leitos de UTI em hospitais para isolamento dos casos confirmados.

Em entrevista coletiva realizada na tarde de hoje, a coordenadora de Vigilância em Saúde, Solange Saboia, informou que novos números e informações devem ser publicados pela secretaria entre hoje e amanhã.

Segundo ela, está ocorrendo supernotificação de casos desde a confirmação do primeiro infectado de hoje, mas nem todos se encaixam nos critérios de suspeição.

A secretaria não deu detalhes sobre os casos, mas adiantou que familiares do homem cujo diagnóstico de infecção pelo covid-19 foi confirmado hoje ainda não são considerados casos suspeitos, pois estão assintomáticos.

Na manhã de hoje, o Ministério da Saúde confirmou que o primeiro paciente contaminado é um homem de 61 anos que viajou para o norte da Itália e procurou o hospital Albert Einstein ao apresentar sintomas.

O caso foi notificado ontem e confirmado hoje após contraprova realizada no Instituto Adolfo Lutz. O paciente está em quarentena doméstica na casa que divide com a mulher, que não apresenta sintomas. Segundo a médica Helena Sato, que estava presente na coletiva, os dois não dividem os mesmos ambientes durante a quarentena, e a mulher tem evitado sair de casa.

Entre os familiares que entraram em contato com o caso confirmado, estão dois netos do paciente. Questionada por jornalistas, a médica garantiu que as crianças estão assintomáticas, mas estão sendo monitoradas.

Quatro passageiros do voo são monitorados

De acordo com Solange Saboia, 30 pessoas da família que tiveram contato com o homem infectado estão sendo monitoradas com ligações diárias para checagem de seu estado de saúde.

Além dos 30, mais quatro casos são acompanhados: são passageiros que viajaram nas fileiras da frente, de trás e nas laterais do paciente durante o voo de volta ao Brasil. As autoridades de saúde também vão entrar em contato com outras pessoas que tenham mantido contato, mesmo que temporário, com o paciente.

Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esse número pode ser de 50 a 60 casos, que serão monitorados para que possam se reportar rapidamente ao sistema de saúde se apresentarem sintomas.

O estado de São Paulo também informou a criação de um centro de contingência do novo coronavírus no estado presidido pelo infectologista David Uip. Uip explicou que não há como saber se há transmissão entre pessoas que não apresentam sintomas. Segundo ele, ainda é preciso compreender como o vírus vai atuar no Brasil, um país tropical que atualmente passa por seu verão.

O infectologista alerta que não há necessidade de as pessoas procurarem os serviços de saúde se não apresentarem sintomas respiratórios. "Para se proteger, deve-se seguir os protocolos de higiene, lavar as mãos, cobrir a boca e o nariz quando espirrar", explica.

Helena Sato explica que as pessoas devem se preocupar apenas quando apresentarem sintomas respiratórios, tais como tosse, febre e coriza, e especialmente se tiverem viajado para um dos países na lista de alerta do Ministério da Saúde.

País tem 20 casos suspeitos

Foram definidos hoje o Hospital das Clínicas da USP e o Instituto de infectologia Emílio Ribas como hospitais de referência na capital paulista. No interior, serão o Hospital das Clínicas da Unicamp, Hospital de Base de São José do Rio Preto e, no litoral, o Emílio Ribas II, no Guarujá.

Ao todo, esses hospitais irão disponibilizar cerca de 4 mil leitos, sendo mil de UTI. Segundo o governo do estado, os hospitais privados também podem integrar a rede de referência, adotando protocolos e disponibilizando leitos. Além disso, cerca de 3 mil profissionais de saúde serão capacitados nas próximas semanas parar lidarem com os novos casos que podem surgir.

No total, 20 casos suspeitos são acompanhados no Brasil. Os outros casos estão em Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina. A Itália já tem mais de 320 casos confirmados e 11 pessoas morreram.

Desde segunda, o país integra a lista do Ministério da Saúde de países de alerta do novo coronavírus. No mundo, mais de 80 mil pessoas foram infectadas e 2.708 morreram em decorrência da doença.