Educação

Com polêmicas e duas versões: o que se sabe sobre a edição de 2021 do Enem

CNN Brasil | 18/11/21 - 08h44
Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começa em 21 de novembro com as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Já no dia 28 de novembro serão aplicados os testes de matemática e ciências da natureza.

Os locais de prova estão disponíveis no cartão de confirmação de inscrição disponível na página oficial do Enem. Diferente de 2020, as versões impressa e digital serão aplicadas na mesma data.

De acordo com o edital, os participantes que não estiverem com máscara de proteção fácil contra a disseminação da Covid-19 não poderão ingressar nos locais para a realização do exame.

Redação - O tema da redação será igual para as versões impressa e digital em 2021. Mesmo para quem optou pela prova digital, a redação deverá ser escrita à mão, sendo necessário levar caneta esferográfica preta de tubo transparente.

Para participar de programas para seleção em universidades públicas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ou para bolsas em universidades particulares como o Programa Universidade para Todos (ProUni), é necessário não ter tirado zero na redação.

Polêmicas na edição de 2021

Bolsonaro diz que Enem “começa a ter a cara do governo” - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em 15 de novembro, durante viagem para a Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que o Enem neste ano “começa agora a ter a cara do governo”, ao responder uma pergunta sobre uma crise institucional no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Órgão responsável pelo Enem, o Inep teve uma baixa de 37 servidores que pediram demissão coletiva de seus cargos em resposta ao que classificaram como “má gestão” do instituto, conforme ofício obtido pela analista de política da CNN Basília Rodrigues.

“O que levou àquelas demissões, não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo que se gastava com poucas pessoas lá. Inadmissível”, disse Bolsonaro.

“O que eu considero muito é que começa a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões do passado, que caía tema de redação que não tinha nada a ver com nada, realmente é algo voltado para o aprendizado”, completou.

Milton Ribeiro que não houve interferência no Enem - O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista à CNN, em 16 de novembro, que não houve interferência no exame, e que as polêmicas não passam de “ruídos pré-Enem”.

“O Enem está garantido, as provas já foram impressas e encaminhadas. Não há como interferir. A ideia de que houve interferência é uma narrativa de quem quer politizar a educação. A educação não tem partido”, afirmou Ribeiro.

Sobre as baixas no Inep, Ribeiro afirmou que “nenhum servidor foi demitido”. Segundo o ministro, isso acontece porque eles são servidores concursados que colocaram seus cargos à disposição. “Quem quiser sair, pode sair, porque já recebi contatos de outros do Inep que têm qualificações técnicas para assumir os cargos”.

O chefe da Educação ainda disse que eles só irão sair após a aplicação das provas, pois as demissões só tem validade após publicadas no Diário Oficial, o que ainda não ocorreu.

“Demos-lhes a competência de preparar as provas, então vão estar conosco até o final. Após, se resolverem reafirmar a demissão de cargos comissionados, eles podem fazer. Ninguém foi mandado embora”, completou.

Bolsonaro afirma que Enem tem “ativismo político e comportamental” - O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas ao Enem, em 17 de novembro, dizendo que o exame prega “ativismo político e comportamental”.

Fazendo uma comparação com Catar, ele disse que o país do Oriente Médio investimento e progresso e que, se o Brasil quiser evoluir igualmente, precisa seguir na mesma linha.

“Aqui, há décadas investem em educação. Olha o padrão do Enem do Brasil, pelo amor de Deus. Aquilo mede algum conhecimento? Ou é ativismo político e comportamental?”, questionou Bolsonaro.

À Comissão de Educação da Câmara, Milton Ribeiro diz que “Enem tem, sim, a cara do governo” - Após aparecer de surpresa na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos em 17 de novembro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, endossou a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que o Enem teria a cara do governo.

Segundo o ministro, isso significaria que a prova acontece com “competência e honestidade”.

Políticos de oposição pedem investigação do Enem ao TCU - Políticos de oposição enviaram, em 16 de novembro, ao Tribunal de Contas da União (TCU), um pedido de investigação do Enem após se reunirem com a ministra Ana Arraes, presidente da corte.

O grupo afirmou que iria protocolar um documento de auditoria após as denúncias de “má gestão” dos funcionários do Inep que pediram demissão conjunta.

Os parlamentares ainda pediram o afastamento cautelar do presidente do Inep, Danilo Dupas, que já chegou a prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados na última semana.

Congresso monta comissão mista para apurar demissões no Inep - O Congresso Nacional irá montar uma comissão mista de deputados e senadores para apurar a demissão conjunta dos servidores do Inep.

A comissão pretende chamar os servidores exonerados para prestar depoimentos que esclareçam se as alegações de que houve interferência do governo na elaboração das questões realmente ocorreu.

Pelo Senado, a coordenação dos trabalhos será feita senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Na Câmara, ficará com a deputada Rosa Neide (PT-MT).

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, irá comparecer à Câmara em 1º de dezembro para responder sobre o assunto, após a aprovação de um requerimento extrapauta na Comissão Especial de Educação.