Ao nos relacionarmos pela primeira vez com outra pessoa nos deparamos com situações e sentimentos inéditos, com os quais não sabemos como lidar, o que é uma grande fonte de medo e confusões. E, quando nosso parceiro já tem mais experiência devida do que a gente em alguns assuntos, a situação se torna ainda mais difícil.
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Muitas vezes acabamos nos comparando a ele ou ela. E esse sentimento desencadeia uma série de inseguranças e questionamentos que se multiplicam fora do nosso controle, além de crises de ciúmes e paranoias.
O psicanalista Luiz Fellipe Almeida, que atende pacientes em São Paulo, afirma que na adolescência essa preocupação e esses pensamentos excessivos sobre o passado tendem a ganhar uma dimensão muito maior do que em relacionamentos entre adultos, porque nessa época da vida ainda estamos tentando entender quem somos.
"O que está em jogo é uma investigação do desejo desse outro, o que no fundo constitui uma investigação sobre o que nós mesmos somos", diz.
Ele afirma que hoje a comparação e a baixa autoestima tendem a ser maiores por causa das redes sociais. E assim, as inseguranças se manifestam não apenas como perguntas, acusações e pensamentos repetitivos, mas também em ficar averiguando curtidas, seguidores e ficar entrando nos perfis que podem intensificar esses sentimentos negativos.
"É escravizante querer ter certeza de nosso valor exclusivamente pela determinação do outro, ainda mais no caso de um passado", diz o psicólogo. "Olhar demais para isso é esquecer as descobertas do presente e as promessas do futuro."
Talvez a forma mais simples de começar encarar esse problema é pensar em si mesmo e em tudo que cada um já viveu. Quando olhamos para trás podemos perceber que não é o nosso passado que nos define, mas o que aprendemos e decidimos levar disso para a vida e para as futuras decisões. O mesmo acontece com nosso namorado ou namorada.
É claro que ter curiosidade sobre o passado daquele com quem estamos dividindo nossa intimidade não é nenhum crime nem algo fora do normal. A única coisa que devemos nos atentar é sobre o que estamos querendo saber, o quanto causa incômodo e se os pensamentos sobre o assunto aparecem de forma recorrente. Com isso, podemos desenvolver uma forma de saber do que não ir atrás e como lidar melhor com algumas revelações.
Para o psicólogo as únicas informações do passado que devem ser levadas em conta são as que indicam se nosso namorado é confiável, se seus comportamentos nos agradam e se eles se alinham com o que pensamos, valores e intenções em comum para o futuro.
"Comparações com o passado do namorado ou namorada são um investimento sempre fadado ao fracasso, pois não apenas se baseiam em algo já acabado, mas porque buscam uma certeza que não existe.", diz Almeida.
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