Polícia

Corregedoria da PM vai apurar suposta truculência de policiais em assentamento Sem-teto

Redação TNH1 | 27/12/19 - 15h45
Integrantes do MTST denunciam suposto abuso de autoridade da polícia no Benedito Bentes | Reprodução / Redes Sociais

A Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) abriu procedimento junto ao 5º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas, nesta sexta-feira (27), para apurar suposto abuso de poder que teria sido cometido por seis policiais militares em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), localizado no bairro do Benedito Bentes, parte alta de Maceió. 

Em contato com a reportagem, o comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, Tenente Coronel Coutinho, confirmou que o procedimento foi aberto na Corregedoria da Polícia Militar. Segundo ele, isso foi feito para que haja 100% de isenção dos fatos. O comandante disse ainda que está providenciando para que as pessoas sejam ouvidas, já que têm o direito do contraditório, mas que, se ficar constatado o que foi dito, os policiais vão responder pela prática excessiva.

Ao TNH1, o superintendente de Direitos Humanos da Semudh, Mirabel Alves, que esteve no acampamento Dandara, afirmou que os integrantes do movimento relataram que os PM's queimaram bandeiras, cadernos e detiveram uma mulher na manhã de hoje. 

"Estamos acompanhando o fato. Vamos gerar a apuração pelo processo administrativo. Foi constatado a queima da bandeira. O Comando do 5º Batalhão já se comprometeu em fazer a apuração dos fatos. E vamos aguardar, caso seja constatado, que sejam feitas as penalidades necessárias", disse Mirabel.

De acosdo com ele, pelo relato dos assentados, o caso teria acontecido por volta das 8h desta sexta-feira. "Duas viaturas com seis policiais, entre eles uma mulher, teriam queimado cadernos e anotações, seriam 6 cadernos, que registravam a memória deles, quem cooperou, etc. Eles relatam que os policiais teriam arrancado o chip do celular de uma, quebrado a bicicleta de uma moça. Essa moça informou que o pessoal tirou o telefone dela depois que ela fez fotos da ação dos policiais, arrancou o chip, apagou as fotos. Ela diz também que tinha 200 reais dentro do telefone e que, quando o aparelho foi devolvido, o valor não estava mais lá. O abuso de autoridade ficou evidente, segundo os relatos. Teriam acusado ela de estar com drogas, mas isso não era verdade. Ela teria sido colocado na viatura e solta na entrada do assentamento", relatou. 

"Segundo eles, os policiais disseram que não é mais Lula, agora é Bolsonaro. Alguma coisa desse tipo. O procedimento agora é instaurado dentro da polícia. A secretaria vai acompanhar o procedimento. Estamos acompanhando os processos apuratórios. Temos essa obrigação de apurar quando há abuso de autoridade ou qualquer violação de direitos humanos", explicou Mirabel Alves.

Em vídeo divulgado pelos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a coordenadora do movimento, Eliane Silva, conta como teria sido praticada a ação pelos policiais. 

"A ocupação Dandara do MTST de Alagoas, que hoje pela manhã sofreu uma repressão muito forte da Polícia Militar de Alagoas. A polícia invadiu a ocupação Dandara. Esse terreno aqui fica localizado no bairro do Benedito Bentes. São cerca de 446 famílias que vivem nele. Esse terreno foi uma conquista do MTST em março de 2018, com o governo do Estado de Alagoas, do governador Renan Filho, que tramitou para o movimento essa área. E hoje pela manhã a Polícia Militar de Alagoas invade a ocupação Dandara, arranca as bandeiras que ficavam logo ali. Eles arrancaram a bandeira assim que chegaram, gritando que 'Agora é Bolsonaro'. Palavra de ordem deles aqui é Bolsonaro. Que o movimento não existe. Tocaram fogo na bandeira do movimento. Aqui as famílias que ficaram amedrontadas. Não tinham ordem judicial. Não tinham mandado de busca e apreensão. Ninguém aqui está sendo procurado pela polícia. Mas eles fizeram isso pela manhã". 

"Estamos aqui denunciando essa violência arbitrária da Polícia Militar de Alagoas. Dizer que o governador de Alagoas precisa se colocar com urgência, porque nós vamos começar a nos mobilizar com o trabalhar e fazer marcha até o palácio do Governo e cobrar agilidade no processo do terreno Dandara, para atender às famílias do MTST, agilidade na moradia popular, agilidade no plano estadual de habitação por moradia. Não temos mais bandeira porque a polícia tocou fogo. Invadiu a cozinha coletiva, quebrou o cadeado, arrebentou tudo o que tinha dentro, está tudo revirado, arrebentaram a mesa, fizeram essa bagunça, destruíram tudo que tinha aqui. Fizeram toda essa truculência e ainda levaram a nossa companheira da coordenação, a companheira Marlene. Levaram ela, a grana que estava com ela, o chip dela. Saíram com ela algemada na mala da viatura. Mais adiante eles a soltaram. Estamos fazendo essa denúncia para todo o Brasil", diz Eliane em vídeo divulgado pelo movimento.