Publicado em 11/03/2025, às 18h25
Há exatos cinco anos, a Organização Mundial da Saúde declarava publicamente o termo 'pandemia' para alertar aos países sobre a gravidade do novo coronavírus, o Covid-19. Foi numa quarta-feira, 11 de março de 2020, que Tedros Adhanom Ghebreyesus fez a seguinte afirmação aos jornalistas na sede da OMS, em Genebra, na Suíça: “Consideramos que a Covid-19 pode ser qualificada como uma pandemia". Em Alagoas, que terminou regsitrando mais de 7 mil mortes provocadas pelo Covid-19 nesses cinco anos, as primeiras medidas surgiram nove dias depois da declaração feita pela OMS.
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Naquela sexta-feira 20 de março, o Governo de Alagoas declarou situação de emergência no estado, com uma série de medidas preventivas no combate ao coronavírus, que de acordo com o último boletim contabilizava quatro casos confirmados no território alagoano. O decreto era apenas o primeiro de uma série de decisões que foram tomadas para tentar controlar a Covid-19, que até então era um vírus para o qual a ciência ainda não havia desenvolvido vacinas.
O decreto orientava naquele momento que, a partir da meia-noite da sexta-feira, 20 de março de 2020, todas as pessoas que estivessem com sintomas de gripe deveriam ficar em casa durante 14 dias. Era essa a recomendação inicial do Ministério da Saúde à época.
Já na lista de interrupção das atividades estavam desde bares e restaurantes e shoppings centers, a igrejas e cinemas. Os estabelecimentos que descumprissem a determinação poderiam ter as permissões de funcionamento cassadas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal fiscalizavam o decreto.
Todos os 102 municípios foram incluídos no decreto, o que ressaltou também o papel da Associação dos Municípios durante as decisões do governo para reforçar a necessidade de cumprimento das medidas por parte das prefeituras.
Relembre quais serviços foram interrompidos no primeiro decreto de emergência em Alagoas:
Transporte público intermunicipal - Foi suspensa a operação do serviço de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, regular e complementar, assim como o serviço de trens urbanos.
Transporte público interestadual - Todo e qualquer veículo de transporte rodoviário de passageiros, regular ou alternativo, proveniente de estados onde já havia sido decretada situação de emergência por causa do novo coronavírus, deveria passar por inspeção da Polícia Rodoviária Estadual, quando da entrada em território alagoano. O objetivo era verificar a presença de passageiros com sintomas da Covid-19.
Servidores Públicos - Ficou decretado também ponto facultativo para os servidores e empregados dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual até o dia 27 de março. Foram mantidos, entretanto, os serviços de fornecimento de água e aqueles prestados pelas secretarias de Saúde, Segurança Pública, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Perícia Oficial e da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal).
E o que não foi afetado naquele primeiro decreto? - Supermercados, farmácias e estabelecimentos que prestavam serviços de saúde. Lojas ou estabelecimentos que praticavam o comércio ou prestavam serviços de natureza privada deveriam funcionar por meio de serviços de entrega, inclusive por aplicativo. Mas ficou vedada a presença de clientes nos estabelecimentos.
- No setor da indústria, empresas do ramo farmacêutico, químico, alimentício, de bebidas, produtos hospitalares ou laboratoriais, gás, energia, água mineral, produtos de limpeza e de higiene pessoal, bem como os respectivos fornecedores e distribuidores podiam funcionar.
- Assim como órgãos de imprensa e meios de comunicação e telecomunicações, estabelecimentos médicos, odontológicos para emergências, hospitalares, laboratórios de análises clínicas, farmacêuticos, psicológicos, clínicas de fisioterapia e de vacinação; distribuidoras e revendedoras de água e gás, distribuidores de energia elétrica, serviços de telecomunicações, segurança privada, postos de combustíveis, funerárias, estabelecimentos bancários, lotéricas, padarias, clínicas veterinárias, lojas de produtos para animais, lavanderias, oficinas mecânicas e supermercados/congêneres.
Um dia após a publicação do decreto, a reportagem do TNH1 percorreu os principais trechos turísticos da orla de Maceió para ver como estava, na realidade, o comportamento da população no primeiro dia de quarentena na capital Maceió.
"As praias de Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca ficaram vazias hoje, contrastando com o cenário que o maceioense está acostumado a ver principalmente aos fins de semana. Entre 9h40 e 10h desta manhã, o TNH1 fez o trajeto partindo do Memorial à República (Jaraguá) e passou pelos trechos de Pajuçara e Ponta Verde até chegar ao Posto 7", diz o trecho da matéria publicada no dia 21 de março de 2020.
Dez dias depois, o governador Renan Filho - hoje senador da República por Alagoas e atual Ministro dos Transportes do Governo Lula - comunicou, no final da manhã da terça-feira 31 de março, a primeira morte em Alagoas devido ao novo coronavírus. Só naquele ano de 2020, o Covid-19 matou 2.743 pessoas em Alagoas, segundo dados oficiais da Sesau.
Durante a pandemia, o governo tentou controlar a liberação do isolamento social de acordo com o monitoramento dos casos de Covid-19 e também da lotação nos hospitais do estado. Para isso, o protocolo classificava o cronograma com fases que iam da cor vermelha (a mais grave) até a fase verde que flexibilizava o "novo normal", mas com alguns protocolos que ainda deveriam ser seguidos. Veja abaixo:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a primeira vacina contra a Covid-19 em janeiro de 2021, com o uso emergencial dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca.
A assistente social Marta Antonia de Lima, de 50 anos, que atuou na linha de frente do enfrentamento à Covid-19, entrou para a história como a primeira alagoana a tomar a vacina contra a doença. Ela foi vacinada durante solenidade realizada na manhã da terça-feira, 19 de janeiro de 2021, no Hospital Metropolitano, no bairro Cidade Universitária.
A liberação gradual dos imunizantes para as diferentes faixas de idade ocorreu ao longo de 2021, que mesmo assim foi o mais letal em Alagoas. De acordo com a Sesau, 127.460 casos de Covid e 3.750 óbitos foram registrados naquele ano.
ANO | CASOS CONFIRMADOS | MORTES |
2020 | 116.008 | 2.743 |
2021 | 127.460 | 3.750 |
2022 | 94.735 | 733 |
2023 | 7.201 | 97 |
2024 | 3.802 | 36 |
2025 | 1.402 | 9 |
*Fonte: SESAU
Hoje, cinco anos depois, a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas contabiliza 7.368 mortes causadas pelo coronavírus e 350.608 casos confirmados desde então. O sistema de saúde continua com vacinação ativa para todas as faixas etárias.
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