Maceió

Cratera se abre em um dos quartos de uma casa na Marquês de Abrantes, no Bebedouro

TNH1 com TV Pajuçara | 28/09/21 - 08h57
Reprodução/TV Pajuçara

Parte do piso de uma residência, situada na Rua Marquês de Abrantes, no bairro de Bebedouro, cedeu e provocou a formação de uma cratera que atingiu quase a metade de um dos quartos. O flagrante foi feito pela equipe de reportagem do programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, nesta terça-feira, 28. O bairro foi afetado pelo problema de instabilidade do solo causado pela extração de sal-gema, porém a Rua Marquês de Abrantes não está inserida no mapa de risco.

A proprietária do imóvel, identificada como Elza, contou ao repórter Willamis Tavares que a casa estava desocupada há cerca de três meses, desde quando o piso começou a apresentar irregularidades. Também por causa das rachaduras nas paredes e o risco de um dano maior, o imóvel foi fechado por decisão da própria dona e os inquilinos que ainda residiam foram orientados a deixar a residência.

"Os inquilinos tiveram que sair da casa, pedi para eles desocuparem. Ainda passaram uns dias na minha casa, morando comigo, até alugarem outra residência, pois não tinham condição, eles estavam assustados. O meu filho morou na casa um bom tempo antes deles, mas casou e depois teve que ir embora", disse.

"Choveu muito no inverno, o rio transbordou e chegou quase próximo à pista. Então encheu as casas, e assim o piso foi cedendo, foi afundando aos poucos. Começou na entrada do quarto, e depois desabou de vez", complementou Elza.

Ainda segundo a moradora, apesar de a residência ter sido desocupada, há outras casas ao lado ainda com a presença de moradores. Em uma delas, Romualdo mostrou as rachaduras, que segundo ele, surgiram há aproximadamente dois anos. Ele também reclamou da ausência de definição para o realocamento de quem ainda reside na Marquês de Abrantes.

"É muito perigoso o que estamos vivendo, minha casa está dividida ao meio. Algumas rachaduras que já tapei cabiam até três dedos. O pessoal da CPRM veio fazer uma avaliação e disse que a gente estava morando em cima de casca de ovo. Não é a minha casa, nem da minha vizinha, todas as casas da Marquês de Abrantes estão com problema", lamentou.

A Defesa Civil Municipal informou ao TNH1 que a região de Bebedouro que compreende a Rua Marquês de Abrantes está fora do Mapa de Linhas e Ações Prioritárias 04 por não apresentar indícios de subsidência. O órgão recomenda ainda que os moradores acionem a Defesa Civil pelo telefone 199, caso julguem estar em uma situação de risco.

Recomendação de inclusão em programa de compensação e realocação - Quinze dias atrás, uma reportagem do TNH1 noticiou que não havia resposta em relação à inclusão de uma parte da comunidade no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, custeado pela Braskem. Um parecer foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), com a recomendação de inserir os moradores do Flexal (de Cima e de Baixo) e de parte da Rua Marquês de Abrantes no programa, e ainda dependia de análise e estudos técnicos complementares, já demandados pelo órgão.

O documento pede que essa população seja contemplada com a compensação financeira, como consequência também com a realocação, e não a introdução dela no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias, como havia gerado dúvidas anteriormente. Com isso, foi criado pela Defesa Civil, o Mapa de Ilhamento Socioeconômico. 

O que é o 'Mapa de Ilhamento'? - O mapa de "ilhamento" foi feito pela Defesa Civil depois de relatório que apontou que as comunidades foram impactadas pelo processo de "Ilhamento Socioeconômico" em decorrência da saída de grande parte dos equipamentos públicos e estabelecimentos comerciais da região circunvizinha, o que compromete a vida social de quem vive nas localidades.

Na ocasião, a Prefeitura de Maceió destacava que a população que reside nas comunidades havia sido afetada pela falta de serviços públicos, já que 40% dos equipamentos que atendem a região haviam sido realocados e os demais seguem sendo desativados.

O que é o 'Mapa de Ações Prioritárias'? - Já o mapeamento de ações prioritárias tem como finalidade identificar regiões que estão sofrendo danos relacionados ao processo de subsidência provocado pela atividade de mineração, bem como apontar as medidas preventivas de salvaguarda da população, indicando realocação ou monitoramento intenso das áreas estudadas.

A Defesa Civil destacou que as comunidades não estão inseridas no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias 04, em vigor desde dezembro de 2020, por não apresentar indícios de subsidência, ou seja, não apresentam afundamento do solo relacionados a atividade de mineração. Porém, em decorrência do “Ilhamento Socioeconômico”, houve o encaminhamento do pedido para o MPF. Agora, o Município aguarda a conclusão da análise e os encaminhamentos relativos ao documento pelos órgãos de controle.