Brasil

Defensoria pede indenização de R$ 200 milhões ao Carrefour pela morte de Beto Freitas

João de Mari/Yahoo | 25/11/20 - 12h51

A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul entrou com uma ação coletiva, nesta quarta-feira (25), que pede indenização de R$ 200 milhões ao Carrefour por danos morais e coletivos pela morte brutal de Beto Freitas, 40, homem negro espancado até a morte por seguranças brancos em um supermercado da rede na quinta-feira (19).

e acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a ação também inclui o Grupo Vector, que terceirizava o serviço dos funcionários que agrediram Beto Freitas e chegou a contratar o PM temporário para fazer um “bico”, mesmo com a prática de admissão de agentes para serviços de segurança particular em horário de folga sendo vedada pela Polícia.

Segundo a Defensoria, o valor deverá ser destinado a fundos de combate ao racismo e defesa do consumidor e a ação não é em nome dos familiares.

"Infelizmente estamos aqui porque no último dia 19 houve uma morte brutal de um cidadão negro. A Defensoria Pública, depois de analisar os fatos, ingressa hoje com uma ação civil pública", disse Alexandre Brandão Rodrigues, subdefensor público geral.

A ação também pede interdição do Carrefour por cinco dias para evitar possíveis "atos hostis". Além disso, cobra a fixação de cartazes em cada unidade do Carrefour informando que racismo é crime e indicando o telefone do Disque 100.

Além disso, o órgão pede que seja elaborado um plano de combate ao racismo e ao tratamento discriminatório para os funcionários em 10 dias.

"O episódio é uma conjunção dos racismos da sociedade brasileira e do racismo individual, porque ninguém soca a cabeça de um ser humano se não tiver ódio da pele negra", disse Andrey Régis de Melo, do núcleo de Defesa Criminal. "Daqui em diante a sociedade brasielira precisa mudar. Não podemos aceitar em pleno século 20 aquele retrocesso do processo civilizatório", acrescentou Melo.

Outro lado

O Carrefour classificou a morte como “brutal” e anunciou que romperia contrato com a empresa de segurança, além de demitir os funcionários que estivessem envolvidos.

Em nota, a empresa afirmou que “empresas de vigilância contratadas pelo Carrefour são todas homologadas pela Polícia Federal e têm a obrigação de seguir com o cumprimento do Código de Conduta da companhia, que norteia quando aos protocolos exigidos”.

“Desde o triste episódio ocorrido com o Sr. João Alberto, em Porto Alegre, estamos revisando os contratos com todos os nossos prestadores de serviço para a parte de vigilância como uma forma de nos certificarmos que todos os protocolos obrigatórios do Carrefour estão sendo seguidos, incluindo a contratação de profissionais que estejam alinhados com os valores da empresa, de tolerância e respeito.”