Polícia

Delator diz que tenente da PM tentou estuprar mulher de suspeito durante abordagem

Com MPE | 10/10/19 - 09h15

Apontado como líder do grupo criminoso formado por policiais militares de Alagoas, o tenente Tiago Duarte, preso desde janeiro, é acusado de torturar e tentar estuprar a esposa de um suposto traficante, durante abordagem na casa dele.

A informação foi obtida em investigação do Ministério Público, que levou à prisão dos militares Manoel Felipe e Marcelo Acioli, e de Neilson Dantas, esta semana, após delação premiada realizada por um colaborador das investigações. Segundo essa pessoa, que está acolhida no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas do Ministério da Justiça, o tenente Tiago é chefe da organização responsável por “homicídios, roubos, latrocínios e desaparecimentos”.

Um dos fatos narrados foi a ação praticada na cidade de Colônia Leopoldina, que resultou na morte de suposto traficante da região, João Pereira da Silva.

Liderados por Tiago, Manoel, Marcelo e Neilson, presos na terça, teriam participado, na madrugada de 9 de dezembro de 2017, da invasão à residência de João Pereira. O tenente teria ido atrás de drogas e dinheiro, mas, como não conseguiu o que queria resolvera praticar tortura contra todos que estavam em casa. À época do fato, Tiago era comandante do Pelopes de Joaquim Gomes.

Antes de matar o suposto traficante, o tenente Tiago da Silva Duarte foi acusado de torturar a família da vítima. “Quando fui ao encontro do tenente Tiago, percebi que ele estava quebrando os dois dedos da mulher do Joãozinho. E ele estava querendo estuprá-la. Eu a vi de joelho com a boca nas partes íntimas dele. O traficante pedia para que o matassem, mas que deixassem sua esposa. E os filhos estavam no quarto ao lado, escutando a mãe gritar”, diz um trecho do depoimento do colaborador.

Por fim, ele teria dado dois tiros de pistola .357 na cabeça de Joãozinho. Os filhos do casal estavam presos em um dos quartos do imóvel e ouviram os disparos.

O delator também informou que o referido oficial “possui um conjunto de objetos destinados a torturar suas vítimas, a exemplo de um bastonete de borracha com pregos na ponta e uma grande agulha reforçada, e que esta última serviria para penetrar a região transitória entre a unha e a carne, extremamente sensível e dolorosa”.

E após matarem o traficante, os investigados ainda subtraíram duas televisões LCD, dois celulares, além de uma maleta de jóias pertencente à esposa de João Pereira da Silva.