Nordeste

Doméstica na casa do prefeito, Mãe de criança que caiu do 9º andar está registrada como servidora em Tamandaré

Diário de Pernambuco | 05/06/20 - 08h38
Mirtes Renata era mãe do menino Miguel, de cinco anos | Foto: Reprodução / TV Globo

Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel Otávio Santana da Silva, criança de 5 anos que caiu do nono andar de um dos prédios das Torres Gêmeas, no Bairro de São José, está registrada como servidora da Prefeitura de Tamandaré. A empregada doméstica trabalhava na residência do prefeito do município, Sérgio Hacker Corte Real (PSB), e Sarí Corte Real, primeira-dama que foi presa em flagrante logo após o acidente e liberada após pagar fiança de R$ 20 mil. 

O cargo em que Mirtes está cadastrada, que pode ser conferido no Portal da Transparência de Tamandaré, é o de Gerente de Divisão, com lotação em Manutenção das Atividades de Administração. A data de matrícula consta como dia 1º de fevereiro de 2017 e não há data de desligamento. Ainda de acordo com o portal, Mirtes seguia regime de trabalho estatutário e seu vínculo garantia cargo comissionado. Na folha de pagamento, o valor pago a Mirtes é de um salário mínimo.   

A reportagem tentou contato com o Tribunal de Contas do Estado, para avaliar a condição do vínculo de Mirtes com a Prefeitura de Tamandaré, uma vez que a mesma prestava serviços diretos ao prefeito Sérgio Hacker Corte Real, mas até o fechamento da matéria, não obteve resposta. A mãe de Miguel também foi procurada, mas não atendeu às ligações. 

Relembre o caso: 

Miguel Otávio Santana da Silva, de apenas cinco anos, caiu de uma sacada do nono andar do Píer Maurício de Nassau. A criança, filha de uma empregada doméstica que trabalhava em um dos apartamentos do quinto andar, despencou de uma altura de aproximadamente 35 metros. 

Chorando e procurando pela mãe, que no momento passeava com o cachorro de sua empregadora, a primeira dama de Tamandaré Sari Corte Real, Miguel entrou no elevador do edifício duas vezes para buscá-la. Ele chegou a ser impedido pela primeira vez por Sarí, mas conseguiu se desvencilhar na segunda tentativa. “Por meio da oitiva da mãe, da análise mais apurada dos nossos investigadores e da ordem cronológica dos fatos, nós conseguimos observar uma sequência em que a moradora não consegue retirar a criança do elevador, aperta um andar superior a sua unidade e permite que a porta se feche. Quando o elevador para, no nono andar, a criança desembarca. Local de onde viria a cair fatalmente", disse o delegado Ramón Teixeira em coletiva concedida na última quarta-feira.  

Por estar com a "guarda momentânea da criança", a primeira dama foi parcialmente culpada pelo acidente, caso previsto no Art. 13 do Código penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção. Sarí chegou a ser detida, mas, após pagamento de fiança de R$ 20 mil, responde em liberdade.

De acordo com a polícia, o primeiro atendimento à vítima foi feito pela mãe e por um médico que mora no edifício, enquanto ainda estava viva. O SAMU chegou a ser acionado às 13:23, mas quando chegou o menino a já estava sendo encaminhado ao Hospital da Restauração, no bairro do Derby, zona central do Recife. Miguel não resistiu e morreu ainda no caminho.