Brasil

Duas em cada três pessoas receberam fake news nas últimas eleições, aponta pesquisa

Patrícia Campos Mello/Folhapress | 19/05/19 - 20h02

Mais de dois terços das pessoas afirmam ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018, revela pesquisa divulgada durante o Brazil UK Forum, conferência realizada nos dias 18 e 19 de maio na London School of Economics e na Universidade Oxford, no Reino Unido.

Segundo a pesquisa, realizada pela Ideia Big Data com 1660 entrevistados, 67% concordam com a frase "eu certamente recebi fake news no WhatsApp durante a campanha eleitoral em 2018", enquanto 17% discordam e 16% nem discordam, nem concordam.

De acordo com a pesquisa, a internet via celular é a principal fonte de notícias para 32% das pessoas, perdendo apenas para TV, com 36%. Rádio é a principal fonte de informação para 10% e jornais impressos para 6% -os dois perdem para amigos e família, com 12%.

No levantamento, 14% afirmam ter compartilhado fake news de conteúdo político na campanha de 2018, enquanto 44% dizem não ter feito isso e 42% nem concordam, nem discordam da afirmação.

Os resultados estão em linha com pesquisas de outros países e mostram que as fake news se tornaram parte estrutural das campanhas eleitorais, antes elas não alcançavam tanta gente, com tamanha velocidade", diz Mauricio Moura, fundador e CEO da Ideia Big Data.

O levantamento também demonstra a descrença das pessoas na mídia tradicional. De acordo com a pesquisa, a TV é a fonte mais confiável de notícias para 30%, seguida pela internet via celular, com 29%. Para apenas 8% dos entrevistados, o rádio é a fonte mais confiável, e 5% apontam os jornais impressos. Na opinião de 12% das pessoas, amigos e família são a origem mais confiável de informação, e 16% afirmam não confiar em nenhuma fonte de notícias.

O alvo de maior descrença são os jornais impressos: apenas 26% dos entrevistados concordam com a frase "eu confio nos jornais impressos", 43% discordam e 31% não concordam, nem discordam. Já os telejornais são considerados confiáveis por 35% dos entrevistados, e não confiáveis por 40%, enquanto 25% nem concordam, nem discordam. Entre os entrevistados, 52% afirmam confiar em notícias enviadas pela família em mídias sociais e 43% crê em informações mandadas por amigos.

"A confiança das pessoas em notícias compartilhadas por amigos e familiares é o dobro da confiança em jornais; isso é muito preocupante, porque a maior parte das fake news são recebidas de amigos e família", diz Moura. De acordo com a pesquisa, apenas 22% das pessoas checam a veracidade das notícias antes de compartilhar.

A enorme maioria dos entrevistados na pesquisa, 92%, não sabe o que são agências e checagem de fatos ou notícias.