Alagoas

É falso que variante Delta do novo coronavírus não cause febre e tosse

Agência Alagoas | 07/07/21 - 16h26
Agência Alagoas

Circula nas redes sociais a informação de que a variante Delta do novo coronavírus não causaria tosse nem febre. A mensagem mistura alegações falsas com informações verdadeiras. Apesar de mudanças nas complicações da nova cepa, febre e tosse continuam sendo sintomas da Covid-19.

O texto compartilhado distorce a lista de sintomas da variante indiana. “Com o novo vírus Covid Delta não há tosse, nem febre.  É muita dor nas articulações, dor de cabeça, dor no pescoço e na parte superior das costas, fraqueza geral, perda de apetite e pneumonia, é Covid Delta!”, diz a mensagem.

As informações são diferentes dos dados apresentados pelo relatório do aplicativo Zoe Covid Symptom, usado por residentes do Reino Unidos para informar os sintomas detectados nos pacientes. A ferramenta apresenta resultados diferentes a depender da fase de imunização. Para quem não foi vacinado, os sintomas frequentes são dor de cabeça, dor de garganta, coriza, febre e tosse persistente.

A tosse e a febre desaparecem da lista de sintomas apenas no público imunizado com as duas doses da vacina contra a Covid-19. Neste caso, a partir das informações que chegam até o aplicativo, os pacientes sentem sintomas leves, como dor de cabeça, coriza, espirros, dor de garganta e perda de cheiro.

A grande mudança, na verdade, é sobre a perda do olfato e a falta de ar, que não são mais comuns com a nova cepa. “A perda do olfato aparece no número 9 e a falta de ar está no final da lista, no número 30, indicando que os sintomas registrados anteriormente estão mudando com as variantes em evolução do vírus”, informa o relatório.

Outro ponto da mensagem que chama atenção é a afirmação de que o vírus tem mais taxa de mortalidade. O infectologista Leonardo Weissmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia, disse ao Portal G1, que a teoria não passa de uma confusão . "O que acontece é que essa variante Delta é mais contagiosa, mais transmissível e, com isso, mais pessoas podem ser infectadas, ficar doentes e evoluir a óbito. Não que essa variante seja mais letal e mate mais”, esclareceu o médico.

Weissmann também desmente outra informação apresentada no texto de que o teste PCR não seria capaz de detectar a nova variante, tornado o resultado negativo: "Os casos com a variante Delta podem ser detectados pelo [teste] RTPCR e, depois, com o material coletado em nasofaringe, também você conseguir fazer o sequenciamento genético e identificar a variante Delta".

O único trecho verdadeiro da mensagem é o que fala dos cuidados preventivos, como evitar locais lotados, manter o distanciamento social, usar máscara e lavar as mãos com frequência. O texto já foi checado também pelo site Boatos.org.

O Brasil já registrou15 casos da variante Delta do novo coronavírus. Até o momento, entre esses casos, dois óbitos foram confirmados para a variante, um no Maranhão e outro no Paraná. Especialistas já alertam que há casos com transmissão comunitária no estado do Rio de Janeiro, já que os dois pacientes não têm histórico de viagens ao exterior.