A denúncia de que estudantes de medicina estariam realizando procedimentos cirúrgicos na maior emergência de Alagoas, o Hospital Geral do Estado (HGE), chegou ao Ministério Público (MP). O caso foi revelado por um acadêmico do HGE, que conversou com exclusividade com a TV Pajuçara/Record TV. Ele, que pediu para não ser identificado pela reportagem com medo de represálias, chegou a enviar carta à Ouvidoria do hospital denunciando o exercício irregular da medicina na unidade.
"Nunca tinha visto um acadêmico de medicina, um estudante do terceiro período, operando apendicite, usando bisturi elétrico para dissecar uma pessoa e fazer uma cirurgia", relembra enfatizando que, além de ilegal, trata-se de uma anatomia complexa para um estudante.
Sobre a atuação ilegal dos estudantes, o acadêmico afirmou que é algo tratado com normalidade no hospital. "É uma coisa comum e que todo mundo conhece. As pessoas vieram falar comigo dizendo que não tiveram coragem de se expor, que eu tive muita coragem", acrescentou.
Entre os casos relatados à repórter Beatriz Lacerda, o acadêmico disse ter presenciado procedimento cirúrgico sendo realizado por estudante do terceiro período de medicina. Ele também disse ter visto, no dia 23 de abril, às 23h, uma estudante fazendo um corte profundo na cabeça de uma paciente, uma criança, na sala de neurocirurgia.
O promotor Anderson Barbosa já solicitou que a polícia instaure inquérito para investigar os estudantes e médico responsável pelas cirurgias, bem como os demais envolvidos, a exemplo dos instrumentistas.
"Primeiro existe a ilegalidade, porque os acadêmicos não podem praticar algo que é privativo dos médicos. O caso é grave e merece uma investigação rigorosa", adiantou.
Uma comissão do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) está acompanhando o caso. Veja a reportagem exclusiva:
Relembre o caso: Três estudantes de medicina estiveram à frente de um procedimento cirúrgico de maneira irregular no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. A denúncia foi realizada por um acadêmico do hospital no último dia 17 e ficou conhecida pela imprensa no último dia (23). Um dos estudantes, segundo a denúncia, é filho de um cirurgião do HGE e estudante do 3º período na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Os outros dois seriam colegas do filho do médico e estudantes de faculdades particulares.
