A endometriose é uma doença inflamatória causada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que crescem em outras partes do corpo, incluindo vagina, ovários e trompas. Entre os principais sintomas da doença estão cólicas menstruais intensas e dor genital antes, durante e/ou depois do sexo.
“O sexo dói tanto que eu raramente faço. A dor que sinto depois é simplesmente horrível”, descreveu a britânica Hollie, de 24 anos, à BBC. Ela está entre as 1,5 milhão de mulheres no Reino Unido que sofrem com o problema. No Brasil, a endometriose afeta de 10% a 15% da população feminina em idade fértil.
A britânica foi diagnosticada com a doença em março de 2018, mas já sofria com os sintomas há cinco anos. Segundo ela, o sexo é extremamente doloroso, o que a impede de ter um relacionamento completo, mesmo que seu companheiro – com quem tem uma filha – seja compreensivo e ofereça todo o apoio que necessita. Mas, para Hollie, a ausência de relações sexuais não deixa de ser uma preocupação e provoca ansiedade.
“Quando você tem isso [a capacidade de fazer sexo] tirado de si, a saúde mental é afetada. Isso me faz sentir como se estivesse falhando, e como se não fosse uma boa namorada”, contou. Além da vida sexual, Hollie conta que a doença interferiu também na sua educação, perspectiva de carreira e saúde mental.
Infertilidade
Outro problema causado pela endometriose é a dificuldade para engravidar – ou em alguns casos até mesmo infertilidade. Os especialistas ainda não sabem explicar porque a doença tem esse efeito, mas a hipótese mais aceita é de que seja resultado dos danos aos ovários e tubas uterinas. Hollie conseguiu gerar uma filha e gostaria de mais uma criança, mas acredita que as chances de uma segunda gestação são pequenas. “Nós dois sabemos, no fundo, que isso não vai acontecer. Mas não falamos sobre o assunto porque me deixa triste”, lamentou.
A britânica Sophie (nome fictício), de 26 anos, também teve a vida sexual afetada e enfrenta dificuldade para engravidar. Para ela, as dores eram tão extremas que não conseguia mais ter relações sexuais com seu parceiro. Isso provocou o término do relacionamento.
“Quando estávamos na cama, eu simplesmente não conseguia fazer nada. Eu não sabia o que era aquela dor e não me sentia levada a sério. Mas era uma dor terrível e ele simplesmente não entendia. No fim das contas, ele acabou dormindo com outras pessoas”, revelou à BBC. Agora, a britânica tem medo de buscar uma relação, pois se preocupa com a dificuldade em fazer sexo.
De acordo com Sophie, as outras dores provocadas pela endometriose também são “insuportável para mim e para quem está em volta — quando estou com dor, fico irritada”. Ela conviveu com os sintomas por mais de uma década antes de ser diagnosticada com a condição. Para especialistas, a dificuldade em diagnosticar precocemente a endometriose prejudica muito a paciente.
Enquanto convive com as dores, que tem aumentado nos últimos meses, Sophie ainda enfrenta a possibilidade de infertilidade. “A endometriose pode arruinar as minhas chances de ter um bebê”, disse. Para tentar controlar a doença, Sophie pode ser obrigada a recorrer a histerectomia – ou seja, retirada do útero -, o que a impossibilita de gerar.
Endometriose
A endometriose é uma doença inflamatória causada por células do endométrio que deveriam ser expelidas na menstruação, mas começam a crescer em outras partes do corpo como trompas, ovários e vagina, além de órgãos não relacionados ao sistema reprodutório feminino, incluindo intestino grosso (reto e sigmoide), bexiga e apêndice. Uma das complicações da endometriose acontece quando a doença se instala nos ovários, o que provoca o surgimento de um cisto (endometrioma), que pode comprometer o futuro reprodutivo da mulher.
Os sintomas incluem dismenorreia (dores pélvicas e cólicas menstruais), dor pélvica, dispareunia (dor genital pouco antes, durante e após a relação sexual) e/ou infertilidade. No entanto, algumas mulheres não apresentam sintomas. A doença ainda prejudica o processo de gravidez, já que diminui a probabilidade de fecundação e implantação do óvulo fecundado dentro do útero, além de aumentar a probabilidade de aborto espontâneo.
Tratamentos
Os médicos ainda não conseguiram identificar as causas da doença e, portanto, ainda não há cura para a endometriose, mas existem tratamentos que ajudam a minimizar os sintomas, como o uso de analgésicos e medicações hormonais. Algumas intervenções são mais invasivas, como cirurgias para retirada de tecido endometrial ou a histerectomia.
A boa notícia sobre a endometriose é que a condição geralmente regride espontaneamente com a menopausa devido à queda na produção dos hormônios femininos que alimentam o crescimento da doença.