Alagoas

Estudo da Ufal diz que Alagoas não apresenta segurança para flexibilização do isolamento

Eberth Lins | 07/07/20 - 15h20
Itawi Albuquerque/TNH1

O Observatório Alagoano de Políticas Públicas para Enfrentamento da Covid-19 (OAPPEC), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), concluiu que o estado não apresenta condições seguras para iniciar o processo de flexibilização das medidas de isolamento social. 

Divulgado nessa segunda-feira (06), o último boletim do colegiado se baseia em critérios do Subcomitê de Epidemiologia do Consorcio Nordeste e considerou o número crescimento de casos da Covid-19 e de óbitos causados pela doença, além da ocupação dos leitos de UTI.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o matemático Gabriel Soares Bádue, o estudo acompanhou a evolução dos casos e de óbitos durante 14 dias, conforme indicação do Consórcio Nordeste.

“Utilizamos a divisão do estado por regiões de saúde, sendo que para a primeira região excluímos Maceió, que foi analisada isoladamente. A gente observou pelos números que não existe uma tendência de redução consolidada em nenhuma das 10 regiões do estado, o que há são oscilações. Das 10 regiões de Alagoas, oito não apresentaram redução no número de casos e quanto aos óbitos, só três regiões tiveram redução”, explicou.

“O Consórcio considera que percentual mínimo para iniciar o processo de flexibilização é de 30% de leitos disponíveis. Aqui em Alagoas, no último dia 04, o percentual observado era apenas de 18%”, acrescentou.

Outro ponto considerado no estudo, segundo Bádue, é a ausência de estratégia para identificar novos focos da doença.

“Em todos os lugares onde há uma flexibilização coordenada, existe uma estratégia para identificar e isolar novos focos do vírus. Esse é um ponto urgente e sem ele corremos o risco de retroagirmos no isolamento”, alertou.

A pesquisa também aponta a necessidade de melhorar a política de testagem em Alagoas, de modo que a capacidade de testes do tipo RT-PCR seja aumentada para reduzir o tempo entre a coleta e resultado, que atualmente é de 14 dias.

“Considerando a ausência de vacina e tratamento farmacológico, entendemos que o isolamento social é a única saída para mudar o estágio atual e salvar vidas. Assim, recomendamos o fortalecimento das políticas de testagem a fim de orientar as ações descritas ao longo deste documento para o enfrentamento da doença, bem como a adoção de medidas de conscientização e o apoio à população para o efetivo cumprimento das medidas de isolamento”, trouxe o último boletim.

Um novo boletim será divulgado na próxima segunda-feira (13), com a análise dos casos e óbitos registrados nesta semana.

O Observatório

O Observatório é vinculado ao Núcleo de Bioestatística em Saúde e Nutrição da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Ufal, e conta com matemático, epidemiologista, nutricionista, cientista social e economista.

O trabalho desenvolvido pelo núcleo tem como objetivo contribuir com o poder público para a tomada de decisões no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.