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Extradição de Assange para os EUA será decidida em fevereiro

Folhapress | 14/06/19 - 22h19
Reprodução/NurPhoto

A audiência que decidirá se o fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, será extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos acontecerá em fevereiro de 2020, provavelmente a partir do dia 24 daquele mês.

A data, que foi determinada pelo Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres, foi anunciada nesta sexta-feira (14).

Assange, 47, é acusado pelas autoridades americanas de conspirar para invadir computadores do governo e de violar a lei de espionagem.

O governo britânico já tinha afirmado que a decisão de extraditar ou não o australiano caberia a Justiça, que deve analisar se o réu está sendo processado apenas por suas posições políticas, o tempo desde a realização dos crimes e a condição de saúde dele, entre outros fatores.

O programador também não pode ser extraditado aos EUA caso exista a possibilidade dele ser condenado à pena de morte.

Assange e o WikiLeaks foram responsáveis por um enorme vazamento de documentos confidenciais da administração dos EUA em 2010, em um caso que envolveu a ex-analista de inteligência do Exército Chelsea Manning.

Manning, presa em 2010, foi condenada a 35 anos de prisão por vazar documentos ao WikiLeaks, mas teve a pena reduzida por decisão do então presidente Barack Obama e foi solta em 2017.

Assange participou da audiência desta sexta por videoconferência, vestido de camiseta cinza e usando óculos de armação preta.

Enquanto Ben Brandon, o advogado que representa os Estados Unidos, fazia um resumo das acusações contra o australiano, incluindo uma que dizia que ele havia quebrado uma senha da rede de defesa dos EUA, Assange afirmou: "Eu não quebrei qualquer senha".

O programador foi preso em abril deste ano pela polícia britânica na embaixada do Equador em Londres, onde estava exilado desde 2012.

Pouco depois, em maio, ele foi condenado a quase um ano (50 semanas) de prisão por violar as regras de liberdade condicional.

Assange foi posto neste tipo de regime depois de ter sido detido em 2010 na Inglaterra, por ser alvo de uma investigação na Suécia por abuso sexual.

Ele pagou fiança e foi liberado. Na ocasião, Assange negou ter cometido crimes na Suécia e disse que o verdadeiro objetivo da acusação era levá-lo para os EUA. Como não conseguiu reverter o processo, ele decidiu se refugiar na embaixada equatoriana em Londres.

No período em que morou no local, Assange deixou de comparecer a audiências, o que gerou o processo de violação de condicional, pelo qual acabou sendo preso.

Isso ocorreu porque o governo britânico não deu o salvo-conduto, que permitira que Assange deixasse a embaixada e viajasse para o Equador.

Assim, ele acabou morando no local por sete anos, até o atual presidente equatoriano, Lenín Moreno, exigir sua saída do local e autorizar a polícia britânica a prendê-lo.

Além da acusação feita pelos Estados Unidos, a Suécia também tenta extradição de Assange, exatamente no caso relativo à acusação de abuso sexual.

A promotoria do país reabriu em maio a investigação contra ele. A apuração do caso havia sido suspensa em 2017 exatamente porque Assange estava na embaixada do Equador e não havia perspectiva de que saísse do edifício.

Em uma tentativa de impedir que o australiano seja extraditado para os EUA, uma de suas advogadas, Jennifer Robinson, já afirmou inclusive que seu cliente está disposto a colaborar com as investigações na Suécia.