Futebol

Fernandes enaltece jogadores na vitória sobre o Juventude: "Não falta dedicação"

Paulo Victor Malta | 07/11/18 - 16h31
Técnico Roberto Fernandes | Pei Fon / Portal TNH1

O CRB alcançou a terceira vitória seguida em casa e abriu quatro pontos de vantagem sobre o Paysandu, primeiro time do Z-4. Após o triunfo sobre o Juventude, o técnico Roberto Fernandes concedeu entrevista coletiva, agradeceu aos torcedores pelo apoio e elogiou a entrega dos jogadores. 

"Agradecer a presença e o apoio do torcedor. Vou começar a análise desse jogo voltando ao jogo do Boa. É natural que a equipe oscile. Só que esse grupo, desde que cheguei, merece um voto de credibilidade. É óbvio que defeito vai ter, se não tivesse, não estaria no quarto treinador da temporada e não estaria ainda, faltando três jogos para terminar a competição, com risco de rebaixamento. É claro que problemas e defeitos de uma forma geral têm. Mas não falta a esse grupo, pelo menos desde a minha chegada, dedicação nos treinamentos e entrega nos jogos". 

"O jogo contra o Boa foi uma exceção, está provado. São oito jogos sob o meu comando e o único que a equipe não teve atitude foi o jogo passado. Eu credito essa vitória especialmente aos atletas. Guerreiros, vão no limite. Na hora que não dá na técnica, dá na raça. A gente vê uma entrega muito grande. A forma como o Iago faz o passe para o segundo gol, qualquer outro jogador já teria saído de campo. A formo como o Willians faz o gol, qualquer outro jogador já teria saído de campo. Porque os dois já se queixavam no intervalo. O Willians até por indicação, não era nem para voltar no segundo tempo. São bastidores que só quem sabe é quem está lá dentro do vestiário. O cara volta em cima de superação, vai lá e faz o segundo gol. O grupo está de parabéns", completou.

Com 41 pontos, o Galo segue em 16º, mas abriu quatro de vantagem em relação ao Paysandu, que é o 17º. O próximo compromisso do CRB é contra o Criciúma neste sábado (10), às 16h (horário de Alagoas), no Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma, Santa Catarina. O jogo é válido pela 36ª rodada da Série B. 

Veja outros trechos da coletiva. 

O jogo 

"Ia ser um jogo dificílimo, havia uma preocupação muito grande com a bola aérea do Juventude. No segundo tempo, nessa aposta, o Winck ainda colocou o outro poste, quer dizer, os caras terminaram com cinco jogadores acima de 1,85m, jogador de 1,90m. Era uma preocupação grande. E num jogo como esse, desde o início da partida, até antes, eu falei que se a gente retardasse o jogo, iria entrar no jogo do Juventude, porque é uma equipe de força. Nós precisamos de uma equipe de intensidade o tempo inteiro. E a equipe, dentro da capacidade de cada um, fez esse jogo. Intensidade contra força". 

"Tivemos a qualidade e a eficácia de ter feito o gol na hora certo, tanto o primeiro quando o segundo, que jogou a ducha final de água fria no Juventude. É natural, a equipe está sendo rebaixada, vai de qualquer jeito. O Amaral tinha cartão amarelo e o Winck tirou o volante que não tinha cartão, porque era primeiro volante. Jogou praticamente sem volante. Quando é que o cara faz isso? No desespero". 

Elogios a João Carlos

"Precisamos entender isso. A equipe soube se postar. Óbvio que uma hora ou outra acaba entrando uma bola, mas na hora que entra, a gente tem um baita goleiro, que é o João Carlos. Esse cara é acima da média. É de uma frieza e qualidade técnica muito grande". 

Logística

"Acho que foi merecedor a vitória. Segue a luta. Na minha concepção, estamos com uma vantagem importante, mas vamos para dois jogos fora de casa. O próximo adversário nosso ainda tem uma pontuação que dá um certo risco. É outra final. Recuperar esse grupo, porque na quinta-feira temos uma viagem de mais de oito horas. Recuperar e tentar ver se a gente consegue carimbar essa permanência matematicamente na próxima rodada".

Recuperação dos jogadores

"O mérito é dos atletas que compraram a ideia. Desde a minha chegada, fui muito bem recebido pelos atletas. Apesar de determinadas dificuldades que a gente observava em treinamento, nunca faltou do grupo a vontade de querer fazer o melhor. A gente começou a mudar algumas características desse grupo, que eram importantes. Recuperar alguns jogadores. Temos feito isso". 

"É o caso do Serginho, que se firmou. O caso do Felipe Menezes. Mas tem mais gente. O próprio Tinga vem treinando com muita determinação. O principal foi o grupo ter comprado a nossa ideia. A partir do momento que eles aceitaram e compraram essa ideia, ficou mais fácil da gente começar a implantar as mudanças que eu entendo que a Série B exige".

Duelo com Criciúma 

"Passou a ser um confronto direto. Não era há algumas rodadas atrás. O Criciúma acabou tropeçando em alguns jogos e o CRB foi fazendo a parte dele. É um confronto direto. Meu pensamento sobretudo é na reapresentação amanhã (hoje), ter uma ideia de como estão esses guerreiros. Porque o Willians terminou absolutamente desgastado, o Serginho, o Iago, absolutamente desgastados. E quando falo desgastados não é só o desgaste de cansaço, é o risco de ter tido alguma lesão". 

"Vamos ter uma noite de sono tranquila e amanhã na recuperação ver como esses guerreiros se reapresentam. A ideia é ir com força máxima. Eu odeio duas palavras, mais do que duas, mas duas fazem parte. Uma é gambiarra. Não gosto de negócio de ir no jeitinho, a coisa tem que ser correta em todos os aspectos. A outra é adiar. Isso não é comigo. Na minha cabeça, não tem jogo do Londrina e nem do Figueirense. O jogo é contra o Criciúma. 

Renan Oliveira

"O Renan é um jogador que eu gostaria, não no sentido de passado, mas no sentido de futuro, ter uma pré-temporada com ele. A qualidade técnica do Renan, se ele melhorar 10% a intensidade de jogo dele, é um baita de um jogador. Mas tem hora ainda que ele se desliga, participa pouco do jogo. Mas isso é trabalho, é dia a dia, é conceito de jogo. É um baita de um jogador. Fez um grande jogo hoje. Está de parabéns junto ao restante do grupo". 

Três vitórias seguidas em casa

"(Primeiro técnico a conseguir nesta Série B) Eu nem sabia disso (risos). A Série B tem algumas particularidades. Na Série A, o nível de jogo faz com que você tenha uma equipe de forma equilibrada, que vá buscar o resultado, a vitória tanto dentro quanto fora de casa. Na Série B, ainda é uma divisão de mais pegada. Costumo dizer que quem garante permanência são os jogos como mandante. Se você faz o seu mando de campo e começa a beliscar ponto fora, vai brigar por coisa melhor. Eu não abro mão disso. Se você acompanhar meu histórico de treinador nas outras equipes, meu percentual como mandante é absurdo. É acima de 70%. Esse espírito tem que ter. E na Série B não é só na qualidade técnica, na Série B você tem que transpirar. Acho que o grupo entendeu isso. O resultado disso foram essas três vitórias seguidas (em casa). 

Atacar

"Hoje, a gente teve o gol do Willians, é atacante, numa jogada do Iago. O primeiro gol foi do Renan, que é um meia que tem essa função de chegar ao ataque também. A gente tem trabalhado pra caramba. Eu tenho mostrado aos jogadores o seguinte, na hora que a gente matar o jogo, que a gente estiver letal no contra-ataque, a gente vai sofrer muito menos".

"No jogo contra o Boa, eu reconheço que o time fez uma partida muito abaixo. Só que eu já assisti o jogo. Quem assistiu ao jogo? Acho difícil. Eu assisti o jogo inteiro. Quando o jogo estava 1x0, nós tivemos três bolas, nós e o goleiro. Faz um gol só, que acaba o jogo, cara. Acaba o jogo, mesmo jogando mal, porque a gente tem muito volume de jogo, muita intensidade ofensiva". 

"Acho que aos poucos vem melhorando isso. A gente tem melhorado essa situação de finalização, temos trabalhado. Mas não podemos esquecer uma coisa, é fim de temporada. Esses atletas estão há praticamente oito meses de competição, ainda teve a pré-temporada em janeiro. Restam duas semanas, um poucos mais que isso, para finalizar a temporada 2018 do futebol brasileiro. Agora não é hora de treinar finalização mais. É lapidar e contar também com um pouco do talento do jogador e da sorte". 

Vai renovar?

"Já falei isso antes. Meu foco ainda é a Série B. Eu já vi muita coisa acontecer no futebol. Tem uma frase que diz que o sábio aprende com o erro dos outros, o inteligente aprende com seus erros e o cara que tem mais dificuldade de entender as coisas, tem que levar muita pancada. Eu não preciso levar essas pancadas. Demos um passo super importante, mas ainda não temos carimbado matematicamente a nossa permanência. O meu foco é esse. Agora o clube não. Se você olhar ao redor, já tem um bocado de gente contratando, um bocado de gente planejando. Mas aí, planejamento, neste momento, não cabe a mim ainda".