Saúde

Fones de ouvido: 1 bilhão de jovens estão com a audição ameaçada, diz OMS

A organização vai lançar nesta semana novos padrões para a produção dos produtos

VEJA.com | 12/02/19 - 20h46
Fones de Ouvido | Pixabay

Mais de 1 bilhão de jovens no mundo correm risco de desenvolver problemas auditivos devido à exposição prolongada e excessiva a sons em volume alto, principalmente por meio de fones de ouvido. O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda estima que o risco atinge 50% da população entre 12 e 35 anos de idade. De acordo com a entidade, cerca de 466 milhões de pessoas no mundo já têm a audição prejudicada – número que deve aumentar para 900 milhões até 2050.

“Mais de 1 bilhão de jovens correm o risco de perda auditiva simplesmente fazendo o que realmente gostam de fazer muito – ou seja, ouvindo música regularmente através dos fones de ouvido”, comentou Shelly Chadha, do Programa de Prevenção a Surdez e Perda Auditiva da OMS, em entrevista coletiva. Para melhorar esse cenário, a organização lança, nesta semana, novos padrões para a produção de produtos tecnológicos que, segundo a entidade, estão contribuindo para a atual situação.

A solução
Segundo a Reuters, o projeto, que colocou lado à lado a OMS e a União Internacional de Telecomunicações (UIT), solicita aos fabricantes que, ao produzir smartphones e outros aparelhos de áudio, seja inserido algum tipo de software capaz de permitir o controle de volume, reduzindo automaticamente o nível quando os limites recomendados forem ultrapassados. Ainda é sugerido a instalação de algum recurso, como aplicativos, que possibilite o controle parental do volume. 

“Hoje, não temos exatamente como saber se estamos ouvindo música em volume adequado ou não. É como dirigir um carro em uma estrada sem os ponteiros de velocidade no carro. O que estamos recomendando é construir um ponteiro de velocidade para esse som”, disse Chadha. De acordo com ele, o objetivo principal é capacitar o usuário para fazer a escolha correta ou estar ciente de que corre o risco de desenvolver perda auditiva. 

A OMS ressalta que os padrões devem ser estabelecidos pelos governos, assim será possível exigir que os produtos sigam as recomendações. Na Europa, por exemplo, alguns países já adotam exigências para celulares, como definir o nível do volume através de cores: quando em vermelho indica volume excessivo. No entanto, para a OMS, esse recurso não é o bastante, especialmente quando há tanto conhecimento tecnológico capaz de impedir a perda auditiva. “Não podemos simplesmente permitir que crianças sofram com isso ao escutar música. Eles precisam entender que, uma vez perdida a audição, ela não retorna”, salientou Tedros Ghebreyesus, diretor executivo da OMS.

Nível recomendado
Segundo a OMS, quanto mais alto o volume, menor é o tempo que a pessoa pode utilizar os fones de ouvido com segurança. Ao diminuir o volume, é possível continuar fazendo uso do dispositivo sem prejudicar a audição. Se o nível de som ficar abaixo dos 80 decibéis, é possível ouvir música em segurança por até 40 horas por semana. No caso de crianças, o índice cai para 75 decibéis. O volume ideal para os fones de ouvido é menos de 60% da capacidade máxima de áudio. Além disso, o aparelho deve estar ajustado e, se possível, ter cancelamento de ruído, como os fones que cobrem toda a orelha do usuário.

Fones em todo lugar
A OMS também está analisando os níveis de volume em outros ambientes, como boates e arenas esportivas; caso necessário, a entidade deve desenvolver estrutura regulatória semelhante que possa ser aplicado a diferentes locais, como restaurantes, bares, shows e até mesmo aulas de dança, como zumba, que geralmente têm níveis muito altos de som sendo tocados por longos períodos.

Além disso, a Action on Hearing Loss (AoHL), organização de caridade do Reino Unido, está pedindo que as máquinas de venda automática instaladas em bares e baladas disponibilizem fones de proteção como maneira conscientizar o público da importância de proteger a audição. Isso porque barulhos muito alto, inclusive de festas, podem danificar as células ciliadas – receptores sensoriais que ficam no ouvido interno -, provocando provocar zumbido e, em casos mais graves, perda auditiva. 

“Eles [fones de proteção] não fazem você parecer brega e não impedem que você aprecie a música como as pessoas geralmente pensam; eles ajudam a proteger sua audição, algo que todos subestimamos”, explicou Gemma Twitchen, do AoHL, ao Daily Mail. A entidade ainda pede que o produto esteja disponível em várias cores para chamar a atenção das pessoas.