Alagoas

Grávida morre após o parto e familiares acusam maternidade de negligência

Eberth Lins com TV Pajuçara | 25/10/21 - 10h00
Mayara durante o chá revelação do último filho, que está intubado | Foto: Arquivo pessoal

Uma jovem de 25 anos morreu com complicações pós-parto na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, no Centro de Maceió, no último dia 21. A auxiliar de cozinha Mayara Stefanny da Costa Nascimento estava grávida do terceiro filho, que também sofreu complicações e está intubado. Familiares acreditam que Mayara foi vítima de negligência na maternidade e registraram um Boletim de Ocorrência para que a polícia investigue o caso.

Segundo familiares, na última consulta do pré-natal a jovem descobriu que o bebê estava em risco e no dia 18 de outubro foi à maternidade sentindo dores, mas após uma longa espera foi orientada a voltar para casa. Ela retornou no mesmo dia passadas algumas horas, também reclamando de dores, mas após atendimento teria ouvido que estava tudo bem e que ainda não era hora do parto sendo liberada em seguida. O casal então resolveu procurar uma segunda maternidade, a Nossa Senhora da Guia, no bairro Poço, onde a mulher foi informada que o feto não estava em risco e depois foi liberada.

Mayara deixa esposo e três filhos
Mayara deixa esposo e três filhos (Foto: Arquivo pessoal )
Mayara deixa esposo e três filhos
Mayara deixa esposo e três filhos (Foto: Arquivo pessoal )

No dia 20 de outubro a bolsa de Mayara estourou e ela foi pela terceira vez à Maternidade Nossa Senhora de Fátima, onde teria esperado mais de 12 horas até a hora do parto. Simone Maria dos Santos é tia de Mayara e estava como acompanhante. Ela conta que, mesmo com a indicação de cirurgia, a maternidade ofereceu um almoço por volta das 11h. "Quando fomos atendidas, disseram que ela ia ser internada, fizeram o exame de toque, escutaram o coração do bebê e disseram que ela estava com seis centímetros de dilatação. Não colocaram ela no soro e nem nada. Umas 11h30 mandaram o almoço e ela ficou sentindo dores das contrações. Depois fizeram exame do toque de novo e disseram que não fariam a cesariana porque ela tinha comido e tinham que esperar um pouco. Quando foi na mudança de turno, fizeram exame de novo e saiu uma secreção com sangue, quando pediram para ela tomar banho para que fosse ao Centro Cirúrgico, e foi isso que a gente fez. Eu fiquei para trocar de roupa e ela foi para a sala, nisso me deixaram aguardando e de repente chega uma enfermeira avisando que o bebê estava nascendo, só que o bebê não chorou e fiquei preocupara. Ela olhou para mim e disse que estava sentido muito dor, nisso eu ia tirar foto e não deixaram, me impediram de ver o bebê naquele momento e me tiraram da sala", relembra a garçonete.

"Minha esposa estava bem, animada com a gestação. Era uma gravidez inesperada, mas ela fazia o pré- natal certinho e todos os exames indicavam que ela não tinha problemas e que estava tudo normal", disse o esposo de Mayara e pai do bebê, José Wellison dos Santos, em entrevista à TV Pajuçara.  O pai questiona a espera e alega que a maternidade sabia de uma solicitação de urgência para o parto e que Mayara não poderia ser submetida a um parto normal. "Para mim, eles forçaram minha esposa a ter um parto normal, sendo que ela não tinha a mínima condição", diz José Wellison dos Santos.

Veja a reportagem exibida no Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara/RecordTV:

Mayara teve hemorragia interna provocada pelo rompimento do útero e depois sofreu uma parada cardíaca, e o atestado de óbito consta que a jovem morreu por falência múltipla dos órgãos. Já o bebê aspirou o chamado mecônio, isto é, as primeiras fezes ainda na barriga da mãe, o que acarretou em grave complicação. Ele foi transferido para a UTI do Hospital Veredas. Mayara deixa esposo e três filhos.

Procurada, a Maternidade Nossa Senhora de Fátima informou que os protocolos de assistência materno-fetal preconizados pelo Ministério da Saúde foram seguidos no atendimento. Veja nota na íntegra:

A direção da Maternidade Nossa Senhora de Fátima esclarece que, como em todos os casos em que ocorra óbito materno ou fetal, uma equipe especializada de profissionais da instituição averigua detalhadamente os acontecimentos de modo técnico-científico. Na avaliação preliminar, observou-se que todos os protocolos de vigilância e assistência materno-fetal preconizados pelo Ministério da Saúde foram seguidos durante o atendimento da paciente Mayara Stefanny da Costa Nascimento.