Alagoas

Humanismo e dedicação: infectologista faz a diferença ao atender 3 vezes mais pacientes do que deveria

Letícia Sobreira* | 06/12/18 - 18h53

Sertanejo de uma família de dez irmãos, filho de funcionário público, vindo das bancas de escola pública, ele viu muita gente passando necessidades na zona rural de Pão de Açúcar, onde nasceu e passou a infância.  Talvez por suas raízes de homem simples, o médico infectologista Renèe Oliveira do Nascimento agregou ao seu perfil profissional a sensibilidade e o humanismo, tão essenciais neste tipo de atividade.

Somente o sentimento de respeito e amor ao próximo pode explicar a devoção deste profissional. Ele deveria atender em média 400 pacientes da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, por determinação do Ministério da Saúde. Só que o infectologista vai muito além e acompanha mais de 1.300 pessoas no Centro de Testagem e Aconselhamento.

O esforço e a dedicação de Reneé despertam a admiração, a confiança e o apreço de seus pacientes. Foram eles que indicaram o nome de Reneé para receber a Comenda Arthur Ramos, conferida pela Câmera de Vereadores de Maceió e pela Assembleia Legislativa do Estado a profissionais que se dedicam às políticas públicas na área de saúde. 

"Um reconhecimento como esse, vindo das pessoas que estão diretamente ligadas ao serviço, é extremamente gratificante, pois nos dá a certeza de que estamos no caminho certo para garantir a assistência adequada aos nossos pacientes. É um incentivo a mais para seguirmos trabalhando com um atendimento humanizado, que só gera resultados positivos”, disse Renèe.

Servidor municipal desde 1996, o infectologista Renèe Oliveira atua no Bloco I do PAM Salgadinho há 14 anos. Para chegar a esse posto, teve de sair de Pão de Açúcar e ir para Maceió cursar o 2º grau no Lyceu Alagaono, de onde saiu para o Guido de Fontgalad, após conseguir uma bolsa.

Ele lembra dos tempos em Pão de Açúcar, quando diz ter conhecido o “Brasil batalhador”. “Nós não passávamos fome, mas eu pude ver muita gente passando necessidades, esse foi o Brasil que eu conheci e o país não mudou muito de lá pra cá”, conta Reneé, que logo após o colegial foi aprovado em medicina na Universidade Federal de Alagoas.

Depois da graduação, Renèe foi se tornar infectologista através de uma residência médica de três anos em São Paulo. “A infectologia nos dá a possibilidade da cura”, contou o médico com a emoção de quem vê no auxílio ao próximo o sentido da vida. “É uma oportunidade”, disse, concordando que não se trata de mérito próprio, mas uma chance de ajudar.

No PAM Salgadinho, localizado no Centro de Maceió, uma equipe multidisciplinar formada por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, e outros profissionais, trabalham com Renèe em um plano chamado Cascata de Cuidados, onde as primeiras ações a serem tomadas diante do paciente é a identificação da doença e o acolhimento da pessoa soropositiva.

Renèe conta que o acolhimento da pessoa portadora da Aids é um passo primordial para a eficácia do tratamento. Com os avanços nas pesquisas sobre a doença, o nível de carga viral do HIV pode ser controlado através de medicação e acompanhamento adequados, proporcionando qualidade de vida aos portadores, podendo tornar o quadro do paciente indetectável, que é quando o portador não corre o risco de transmitir a doença para outras pessoas.

*Estagiária sob supervisão da editoria