Brasil

IBGE afirma que Censo de 2020 está ameaçado por falta de servidores

Segundo órgão, mais de 2.400 funcionários se desligaram nos últimos 10 anos e não foram repostos

VEJA.com | 12/11/18 - 19h59
IBGE | Divulgação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que o Censo Demográfico 2020 corre o risco de não sair do papel por falta de funcionários e de verba. De acordo com o órgão, desde 2008, mais de 2.400 deixaram a instituição e não foram repostos. “Essa crise ameaça todo o plano de trabalho do Instituto, incluindo a realização do Censo Demográfico 2020, que já se encontra em planejamento”, diz o IBGE.

O custo total do levantamento foi calculado em R$ 3,4 bilhões pelo IBGE. O órgão enviou ao Ministério do Planejamento um pedido de R$ 344 milhões para investimento em equipamentos e software no ano de 2019. Outros R$ 3,056 bilhões serão estritamente necessários para viabilizar a coleta em 2020. Em 2018, o instituto recebeu R$ 6,7 milhões em recursos para os preparativos da operação censitária, de uma previsão inicial de R$ 7,5 milhões.

Diante deste cenário, o Governo Federal já aventou a possibilidade de realizar um Censo mais enxuto. Porém, segundo o IBGE, não é possível reduzir o projeto.

Além da perda de trabalhadores nos últimos anos, um terço da força de trabalho do órgão está apta a se aposentar. Atualmente, o instituto conta com 5.030 funcionários.

Roberto Olinto Ramos, presidente do IBGE afirma que a situação pode se agravar rapidamente. “Se parte das aposentadorias se realizarem, não é improvável que cheguemos a meados de 2019 com bem menos de 4.000 funcionários”, disse em nota.

A saída de funcionários tem levado ao fechamento de agências regionais. São 16 agências fechadas, 61 que operam com apenas um servidor e 232 que funcionam com dois. Ao todo, o IBGE possui 583 agências, consideradas fundamentais para a realização de grandes levantamentos, como o Censo.

A pesquisa é a principal no país para estimar o tamanho da população e as suas características, como gênero, raça, renda, local de residência, composição familiar, entre outros aspectos. O último foi realizado em 2010. Entre outros objetivos, o Censo é importante para estabelecer políticas públicas e também baliza praticamente todos os investimentos privados. Até mesmo as pesquisas eleitorais utilizam os dados do Censo para realizarem as projeções.

O IBGE alerta que a não realização do Censo também traria riscos à imagem do Brasil, pois o país mantém compromissos internacionais ancorados na produção de indicadores sociais e econômicos.

“O Brasil tem obrigações quanto à disseminação de dados junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), à Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD) e à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre outros, que sofreriam rupturas”, disse o órgão.