Polícia

Investigação: advogado da família do tenente Taveira vai pedir reprodução simulada do caso

João Victor Souza com Netto Motta | 11/09/23 - 07h49
Arquivo Pessoal

A investigação sobre a morte do tenente da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), Abraão da Silva Taveira, de 39 anos, vai ter início nos próximos dias e o advogado da família já confirmou que uma reprodução simulada vai ser requerida durante o inquérito, assim também como depoimento de testemunhas, como é o caso de alunos do curso de Cinotecnia e de instrutores do Corpo de Bombeiros responsáveis pelo treinamento físico na ocasião.

O tenente Taveira, como era conhecido, teria batido com a cabeça enquanto passava por uma manilha, durante uma etapa do curso de Cinotecnia, um tipo de treinamento de cães para trabalhos militares, no último dia 30, em Brasília. Ele foi internado num hospital da capital federal e o óbito foi confirmado na última sexta. O corpo foi levado em cortejo para velório na Academia da Polícia Militar de Alagoas nesse domingo, 10, e o sepultamento foi agendado para as 10h desta segunda-feira, 11, em Garanhuns, interior de Pernambuco.

O advogado Napoleão Junior contou, em entrevista ao repórter Netto Motta, da TV Pajuçara, que as informações "desencontradas" que geraram estranheza da família do tenente motivaram o acompanhamento direto da investigação do caso com as autoridades de Brasília. "As investigações vão se iniciar na próxima semana, e nós vamos viajar até a capital federal para acompanhar de perto. Vamos requerer reprodução simulada, oitivas de testemunhas, dos alunos e de todo o corpo de instrutores do Distrito Federal, para a gente esclarecer o que de fato aconteceu no fatídico dia [...] Também estamos aguardando o resultado da perícia forense, do laudo cadavérico", disse.

"O treinamento era para o tenente Taveira passar por dentro de uma manilha, que é aquela concretagem colocada na rede de saneamento. Então a ideia do curso era ele efetuar o resgate simulado feito por um boneco. Ele passaria pela manilha, pegaria o boneco, que simulava um ser humano em situação crítica, e sairia do outro lado da manilha com o boneco a salvo. Segundo a versão passada pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, é que na hora que ele foi passar pela manilha, ele teria batido com a cabeça e não conseguido efetuar o resgate. Ele teria aparecido do outro lado boiando, já que dentro da manilha tinha água, era submersa. O que causa muita estranheza é que, primeiramente, um curso com esse, que não é um curso como o de operações policiais que requer um desgaste físico muito maior. Era um curso de adestramento de cães, e que não havia necessidade de um exercício físico tão desgastante", continuou o advogado.

Advogado Napoleão Junior (Crédito: Reprodução/TV Pajuçara)

Napoleão Junior também destacou que a versão apresentada pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal está imprecisa, como também explicou que não havia uma viatura equipada para salvamento no local do treinamento. "Colhendo informações no Distrito Federal, com a própria família, com legistas do Estado de Alagoas, é que não está batendo a informação passada pelo Corpo de Bombeiros com o que a gente apurou até o momento. Inclusive, foi dito lá que o instrutor encontrou o tenente dentro da manilha, o que dá a ideia que a todo tempo ele estava sendo monitorado pelo corpo de instrutores do Distrito Federal. Mas na verdade ele foi encontrado pelo aluno do próprio curso".

"Outra coisa, não havia, como diz a legislação para o tipo de curso, uma viatura do Bombeiros com médico habilitado para fazer uma reanimação se fosse o caso, prestar um socorro de imediato. Então houve desgaste num tempo muito grande para a viatura chegar ao local, ou seja, ela não estava lá, e para prestar imediato socorro. Salvo engano, foram quase cerca de 30 minutos tentando reanimar para o tenente chegar com vida. Houve, no mínimo, uma negligência que vamos apurar. Já foi instaurado o caderno investigativo pelo Distrito Federal, como houve o resultado morte do tenente, o que tiraria então, até a princípio, a competência e a atribuição da Polícia Militar, e passaria para a Polícia Civil Distrital. Era uma etapa realizada pelo Corpo de Bombeiros, numa unidade no Distrito Federal, e a responsabilidade por aquela oficina, por aquele treinamento, era do Bombeiros. A questão do resgate quem faz é o Bombeiros, e a instrução foi feita pelo bombeiro militar do Distrito Federal", complementou.

O advogado afirmou também que a informação equivocada passada pelo corporação do Distrito Federal, sobre o óbito do PM, na última semana, causou revolta entre familiares. "Uma outra coisa que deixou a família muito revoltada, e gera insatisfação e dúvida sobre o que aconteceu, é que o Corpo de Bombeiros, através de uma nota, o que não se admite de uma corporação de tanta relevância, divulgar uma nota irresponsável informando sobre o óbito do tenente Taveira que não tinha acontecido. Isso causa estranheza. Como teria essa informação? De quem partiu essa informação de que teria o óbito? Na verdade, não houve óbito naquele momento. Depois que verificou o erro, eles retiraram isso do ar e fizeram uma nota pedindo desculpa pelo infortúnio", explicou. 

Assista à entrevista completa: