Interior

Jovem de 22 anos morre dias após colocar DIU em unidade de saúde

TNH1 | 01/06/24 - 17h46
Imagem de arquivo do Instituto Médico Legal de Arapiraca | Polícia Científica

A mãe de uma jovem de apenas 22 anos, que morreu nessa semana em Arapiraca, tem cobrado explicações e pedido por mais negligência no atendimento hospitalar em Junqueiro, no interior de Alagoas. A filha de Maria das Graças faleceu dias depois de colocar um Dispositivo Intra Uterino (DIU) em uma Unidade Básica de Saúde da cidade.

A mulher chegou a ser encaminhada para o Hospital Regional de Arapiraca, no Agreste alagoano, mas não resistiu e morreu por "infecção generalizada". 

“No dia 22 (de maio), ela foi botar esse DIU. Ela já chegou com dor. No segundo dia, do mesmo jeito. Aí, no terceiro dia, ela foi para o hospital de Junqueiro, tomou umas injeções e voltou para casa. Depois voltou de novo (para a unidade de saúde), tomou outras injeções e voltou para casa. Quando foi no domingo à noite, de madrugada, ela passou mal. Liguei para o hospital, ela foi para lá, onde passou o dia e foi internada à tarde. Depois que o médico viu que ela estava passando muito mal, falaram que ia fazer uma ultrassom. Fizeram e disseram que seria apendicite, mas não era", contou Maria das Graças em entrevista à TV Gazeta. 

"A levaram para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), ela foi bem atendida na UPA. Os médicos fizeram os exames e imediatamente a levaram para o Hospital Regional de Arapiraca. Lá, passou por cirurgia e não era apendicite. Tinha um edema na barriga dela, que era secreção e pus. O médico retirou o DIU e ela foi para a UTI. Negligência de muitas pessoas que não sabem trabalhar. Se tivessem a levado dois dias antes, o médico disse que ela poderia estar salva hoje. Que pena que minha filha hoje está debaixo do chão. O médico falou que foi infecção generalizada. Que pode ter ocorrido quando foi colocado esse DIU, porque ela não tinha infecção ou inflamação nenhuma. Como foi que isso (infecção) entrou do dia para a noite para acontecer isso com ela?”, questionou dona Maria.

A Secretária de Saúde de Junqueiro, Amanda Gomes, disse que todo o procedimento da inserção do DIU na paciente foi feito com acompanhamento de uma enfermeira. 

“Ela foi consultada em uma Unidade Básica de Saúde de referência dela, por uma profissional de enfermagem, por uma enfermeira capacitada para a realização da inserção do DIU. Antes de realizar o procedimento, ela realizou uma bateria de exames, conforme recomendações técnicas, e inseriu o DIU conosco em uma Unidade Básica no dia 21 de maio. Só esse ano colocamos cerca de 60 DIUs e nunca tivemos uma situação como essa. Aqui no Estado de Alagoas Junqueiro é um dos 37 municípios que têm enfermeiros aptos a fazer esse tipo de procedimento”, afirmou a secretária à emissora.

O presidente das Câmaras do Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren-AL), Eduardo Araújo, também se pronunciou sobre o ocorrido. 

"Existe um protocolo. Esse protocolo estabelece as condutas dentro da consulta de enfermagem. São feitos exames na mulher, citológicos, ginecológicos para poder avaliar a elegibilidade de uma mulher para qualquer método contraceptivo, inclusive, o DIU. Utilizamos todas essas referências internacionais que dão essa segurança ao procedimento. Até o momento, nada teria impedido ou colocado essa mulher como ilegível para não usar o DIU, pelo contrário”.