O ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) convocou uma coletiva de imprensa às 12h desta segunda-feira (23) para apagar o primeiro grande incêndio da gestão do presidente interino Michel Temer. Jucá negou que tenha tentado barrar a operação Lava Jato, conforme sugere um diálogo publicado hoje pelo jornal Folha de S.Paulo. — O diálogo foi feito de uma forma extensa. O que vemos na Folha são frases soltas dentro de um diálogo que ocorreu, portanto, é importante registrar o contexto. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-1'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-13');O jornal publicou hoje uma gravação entre Jucá e Sérgio Machado, ex-senador do PMDB e indicado do partido para presidir a Transpetro entre 2003 e 2014. Na conversa, Machado afirma que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “está a fim de pegar vocês [do PMDB]. E acha que eu sou o caminho”. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-2'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-4'); Jucá então sugere uma saída “política” para encontrar uma solução e “estancar a sangria”. Na versão do ministro, o diálogo tratava da crise econômica e política do País, e não da Lava Jato. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-3'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-6'); — Sempre defendi e explicitei com atos a operação Lava Jato. Sempre reafirmei que considero a operação uma mudança positiva na política brasileira. Uma mudança de paradigma da relação entre candidatos e empresas. Segundo, eu votei no Senado para ajudar na recondução de Janot [procurador-geral da República] ao cargo, quando existiam resistências para tal. Ele faz um excelente trabalho. Estamos numa democracia plena. Do presidente a qualquer servidor, todos podem e devem ser investigados se houver qualquer dúvida. Segundo Jucá, “não há nenhum demérito em ser investigado. O demérito é ser condenado”. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-4'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-8'); — Não tenho nenhum temor em ser investigado na Lava Jato ou em qualquer processo. Não tenho nada a temer e não devo nada. Se tivesse telhado de vidro, eu não teria assumido a presidência do PMDB num momento de confronto com o PT. O ministro afirmou ainda que é preciso “celeridade” nas investigações, para que a classe política não continue sob suspeita. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-5'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-17'); — É no mínimo desconfortável que a maioria da classe política esteja com uma nuvem negra sobre a cabeça por conta de qualquer menção [nas delações] ou qualquer dúvida sobre a investigação. Quem tiver culpa deve pagar por isso, mas é inadmissível que passem 10, 15 anos com dúvida sobre a classe política sem qualquer manifestação da Justiça. É importante que se separe joio do trigo, mas não se pode pairar uma desconfiança generalizada. Fazer com que todos os políticos pareçam iguais não é uma saída para a crise política. Senador licenciado, Jucá reafirmou que não renunciará ao cargo de ministro e que o mandato pertence ao presidente, e que ele continuará no cargo enquanto tiver a confiança do presidente interino. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-6'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-10'); Ele fez um apelo ainda para que o jornal publique toda a transcrição da conversa. — Quando for transcrito, eu faço uma mesa-redonda. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-7'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-14'); Machado é alvo de inquérito no STF no âmbito da Lava Jato. Ele foi citado em duas delações como operador de um esquema de desvio de verbas que beneficiaria o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). Jucá também é formalmente investigado pela PF em decorrência da Lava Jato, no inquérito 3989, ao lado de dezenas de outros políticos, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), o ex-ministro Mário Negromonte e o atual presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-12');A conversa está em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República), segundo a Folha. Ao ser questionado sobre como a conversa teria sido gravada (já que não se trata de uma conversa telefônica, mas sim de uma gravação na residência do senador em Brasília), o ministro disse que era preciso perguntar "para a Folha e para o Machado". Ponto a ponto Na coletiva, Jucá usou termos citados na conversa vazada para tentar explicar sua versão sobre eles. “Ali [na reportagem] não está a questão de como é o governo de salvação nacional, ou a sangria da economia”, diz Jucá. Na gravação, o termo é utilizado em referência à uma saída “política”. Veja: “MACHADO - Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar. JUCÁ - Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer. MACHADO - Odebrecht vai fazer. JUCÁ - Seletiva, mas vai fazer. MACHADO - Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”. Em outro trecho, Jucá sugere uma estratégia para “delimitar” as investigações, segundo a interpretação da Folha: “[...] MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]. JUCÁ - Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. "Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha". Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra. MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional. JUCÁ - Com o Supremo, com tudo. MACHADO - Com tudo, aí parava tudo. JUCÁ - É. Delimitava onde está, pronto”. Na coletiva, Jucá afirmou que ele se referia a delimitar os responsáveis pela corrupção, para que não se paire as dúvidas sobre a classe política de forma generalizada. — Delimitar responsabilidade é decidir quem tem culpa e quem não tem culpa. Não é paralisar a investigação.