A chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, disse que retirará oficialmente o projeto de lei sobre extradição que detonou uma onda de manifestações na cidade nos últimos três meses. "O governo retirará oficialmente o projeto de lei, para apaziguar por completo as preocupações da população", disse Lam, em um discurso transmitido via TV. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-1'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-13');Ela também prometeu criar um canal direto de diálogo com os manifestantes. "Nós devemos encontrar caminhos para resolver o descontentamento na sociedade e buscar soluções", afirmou. Os protestos na ex-colônia britânica ganharam força em junho por causa do projeto de lei que permitiria a extradição de presos para a China continental, mas a movimento evoluiu para uma luta por mais democracia, reforma política e investigação de abusos por parte da polícia, entre outras demandas. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-2'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-4'); O projeto já havia sido suspenso em junho, mas os manifestantes queriam um cancelamento completo, o que foi anunciado nesta quarta-feira. A retirada dessa proposta era uma das principais demandas dos ativistas, mas não há garantias que o anúncio acabe com a agitação popular. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-3'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-6'); Joshua Wong, um dos líderes dos ativistas, disse que a decisão veio muito tarde. "A falha de Carrie Lam em entender a situação tornou esse anúncio completamente fora de alcance. Ela precisa responder a todas as cinco demandas: parar os processos judiciais [contra manifestantes], parar de nos chamar de agitadores, investigação independente da polícia e eleição livre", publicou em uma rede social. Um dos grupos dos manifestantes no Telegram -rede social oficial dos protestos, onde praticamente todos usam pseudônimos e fotos que não mostram o rosto- postou um comunicado que compartilha da visão de Wong. "A retirada formal do projeto de lei não significa que a luta pela liberdade de Hong Kong tenha terminado. Todas as cinco demandas precisam ser atendidas com igual importância", lê-se no documento, assinado pelos Guardiães de Hong Kong. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-4'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-8'); O comunicado chama os manifestantes de "irmãos", além de trazer um balanço dos protestos por quem está nas ruas. Desde 12 de junho, quatro dias após a primeira grande manifestação, 1.138 ativistas foram presos, seis cometeram suicídio em função do movimento, dois foram atingidos no olho e mais de 2.500 latas de gás lacrimogêneo foram jogadas pela polícia. Também chamam a atenção para a infiltração de policiais disfarçados de manifestantes nos atos, prática comum nas últimas semanas. As críticas à violência policial são uma preocupação constante. Em conversa com a reportagem, Adam, de 25 anos, disse que "não tem como aceitarmos só a retirada do projeto de extradição", já que as forças de segurança usam de brutalidade e atacam cidadãos ordinários indiscriminadamente, além de prenderem inocentes. Na visão dele, que foi às ruas pela primeira vez em 9 de junho, se a retirada do projeto de lei tivesse sido feita há tempos, os protestos em larga escala teriam sido evitados. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-5'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-17'); Na semana passada, Carrie Lam disse a líderes empresariais que causou "destruição imperdoável" ao apresentar o projeto e que, se tivesse uma opção, pediria desculpas e se demitiria, de acordo com uma gravação de áudio vazada. Na reunião a portas fechadas, Lam disse ao grupo que agora tem espaço "muito limitado" para resolver a crise, porque a agitação se tornou uma questão de segurança e soberania nacional para a China em meio a crescentes tensões com os Estados Unidos. A mandatária negou que tenha discutido a renúncia com o governo chinês. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-6'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-10'); A China nega que esteja se intrometendo nos assuntos de Hong Kong, mas alertou novamente na terça-feira (3) que não permitiria que os distúrbios ameaçassem a segurança e a soberania chinesas. Nesta quarta, a polícia de choque disparou balas "beanbag" (projéteis que contém saquinhos de bolinhas, considerados não-letais) e usou spray de pimenta para dispersar manifestantes do lado de fora da delegacia de Mong Kok e da estação de metrô Prince Edward. Imagens mostram um homem sendo detido em uma maca com uma máscara de oxigênio no rosto. Os vídeos mostrando o homem sendo preso foram amplamente compartilhados nas redes sociais e ativistas afirmam que é uma evidência da brutalidade policial generalizada e que precisa ser investigada. Ex-colônia britânica, Hong Kong foi devolvida à China em 1997. O território possui sistemas político e econômico diferentes do resto da China, o que inclui um judiciário independente e o direito a protestos nas ruas. Os manifestantes temem que essas liberdades estejam sendo erodidas lentamente a mando de Pequim, uma acusação que a China nega.