Futebol Nacional

Marta é a primeira mulher a entrar na calçada da fama do Maracanã

Terra | 10/12/18 - 18h17
Marta coloca seus pés no hall da fama no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro | Fábio Teixeira (P)/Folhapress

Um dia histórico para o futebol brasileiro. Nesta segunda-feira, Marta esteve no Maracanã para colocar seus pés na calçada da fama localizada no museu do estádio. Ela foi a primeira mulher a conseguir estar presente no hall da fama no maior palco futebolístico do Brasil. 

Marta também ganhará um espaço destinado à sua carreira e suas conquistas no museu do Maracanã, que, de acordo com as pessoas responsáveis pela organização do mesmo, estará pronto ainda este mês, antes de 2019. O "Maracanã Tour" possui ingressos com preços que variam entre R$25 e R$60.

Aos 32 anos, Marta é a única atleta - contando as modalidades masculina e feminina - que conseguiu o prêmio de melhor jogadora do mundo em seis oportunidades (2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018). Em um hall da fama que possui nomes como Ronaldo, Pelé e Garrincha, o feito prova a importância que a atacante possui dentro do cenário do futebol brasileiro.

Além dos prêmios individuais, Marta também conquistou muitos em termos coletivos. Um deles, a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de 2007, foi justamente no Maracanã, quando a Seleção Brasileira derrotou os Estados Unidos por 5 a 0, com dois gols da atual melhor jogadora do mundo. 

"Voltar ao Maracanã, receber essa homenagem novamente, relembrar os momentos que a gente esteve aqui, tudo o que futebol feminino vivenciou aqui é fantástico. É algo incrível e estou muito feliz com mais esse reconhecimento. É mais uma cerejinha do bolo representando todas as mulheres que lutam constantemente no esporte em geral, então eu fico muito feliz. Da primeira vez, em 2007 (se referindo ao Pan-Americano), eu espero que eu não seja a única e que venham outras mulheres a deixar suas marcas aqui", afirmou.

Ao ser perguntada sobre políticas futuras, Marta afirmou que não deve ser pensado em melhorias apenas para o futebol, mas os esportes em geral, com o incentivo principalmente para os jovens cidadãos. Nos últimos Jogos Olímpicos, realizados justamente no Brasil, a canarinho ganhou 19 medalhas: sete de ouro, seis de prata e seis de bronze. 

"A gente não pode só falar do futebol feminino, temos que falar do esporte em geral. A gente tem atletas em várias modalidades com um talento enorme e que passam por muitas dificuldades, principalmente de apoio, de opção de trabalho, de manter um padrão de atleta para que, quando chegarmos a uma Olimpíada, estar 100% preparado, em todos os sentidos. Peço em nome do esporte brasileiro que haja políticas de incentivo, principalmente nas escolas, para que a gente possa ter cada vez mais ter a oportunidade de representar o nosso país e inspirar as crianças a praticar o esporte", completou.

Apesar de já ter recebido prêmios da Fifa, Marta disse que estar no hall da fama do Maracanã é especial não apenas para ela, mas para todas as mulheres que buscam seu espaço em um país que ainda possui certa desigualdade em relação aos gêneros. Além disso, a atacante realça a felicidade de ter alcançado essa marca.

"Toda homenagem a gente fica emocionada, porque é um passo à frente que estamos dando. É importante demais, porque a gente incentiva as mulheres a lutarem pelo seu espaço em todas as áreas e, sem dúvida, isso tem motivado a cada uma delas a seguir lutando dentro deles. Fico feliz por isso (estar na calçada da fama) ser no meu país, que é considerado o país do futebol e a gente está a cada dia dando passos para frente em busca do nosso espaço, e isso me faz feliz", declarou.

Ao ser perguntado sobre as diferenças de 2006, quando ganhou o primeiro prêmio de melhor jogadora do mundo, e para 2018, em que está no posto de uma das maiores atletas da história do futebol, Marta afirma que se sente feliz pelas decisões que tomou ao longo do tempo. 

"Acho que estou mais experiente, mais tranquila na hora de se colocar, de falar. São momentos diferentes, (em 2006) eu estava começando minha trajetória e hoje em dia a gente olha para trás e vê que tudo valeu a pena, que tudo foi importante, não só na minha vida, mas também na de outras pessoas. Honrada em poder ter tomado essa decisão de fazer esse esporte", apontou.