Alagoas

Médico alagoano é um dos primeiros brasileiros a tomar a vacina contra a Covid-19

Lelo Macena | 16/12/20 - 08h28
O cirurgião plástico Bruno Montenegro no momento em que recebia a dose da vacina contra a Covid-19 | Arquivo pessoal/Instagram

Formado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), natural de Maceió, o cirurgião plástico Bruno Montenegro é um dos primeiros brasileiros que já tomaram a vacina contra o novo coronavírus e experimentam a sensação de proteção contra a doença que já matou mais de 180 mil pessoas somente no Brasil.

Há quatro anos, Bruno Montenegro revalidou seu diploma de medicina nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e conseguiu também o visto de residência. Desde então vive sua atividade profissional entre o Brasil, onde atende em Maceió, e a Península Arábica, mais precisamente nos dois mais famosos entre os sete emirados que compõem o país: Abu Dhabi e Dubai.

“Trabalho em duas clínicas, em Dubai e Abu Dhabi. Apesar de a maioria da população [82%] ser formada de pessoas de outros países, a minha clientela é árabe, que quer as mesmas coisas que os pacientes brasileiros, porém com algumas exigências culturais diferentes relacionadas ao corpo”, explica o doutor Bruno Montenegro, ao resumir o delicado ofício das cirurgias estéticas.

Com o início da pandemia e as medidas severas adotadas pelos Emirados Árabes Unidos para conter o avanço da Covid-19, entre os meses de março e abril, Bruno Montenegro ficou impedido de viajar e atender seus clientes. “Somente no final de junho deste ano é que eles abriram o país para residentes. Foi aí que pude ficar mais tempo lá, passei dois meses e meio. Havia uma demanda alta de cirurgias que haviam sido canceladas por conta da pandemia”, conta Bruno.

Sob as medidas rígidas de combate ao novo coronavírus adotadas no país, o cirurgião plástico era obrigado a fazer exames e PC-RT toda semana, além de ter os movimentos rastreados. Para entrar em Abu Dhabi, chegava a passar mais de meia hora nas filas das barreiras sanitárias. Mesmo com a quantidade de exames e o grande número de viagens realizadas, Bruno Montenegro nunca testou positivo.

No último dia 30 de novembro, três dias depois de chegar a Dubai, o médico recebeu uma ligação de um oficial, que perguntou se ele gostaria de tomar a vacina contra a Covid-19. A Vero Cell, da empresa chinesa Sinovac, a mesma vacina conhecida como Coronavac no Brasil, havia concluído os testes em junho e estava autorizada para uso emergencial.

“Algumas pessoas importantes do país já haviam tomado, a exemplo dos xeque de Abu Dhabi e Dubai. Então eu aceitei”, diz o cirurgião plástico, ao explicar que naquela data, o país ainda se preparava para vacinar a população, o que só aconteceria no dia 9 de dezembro.

Assim, no último dia 1º de dezembro, o cirurgião plástico Bruno Montenegro tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19. 

Chegou ao local que estava sendo preparado para receber a população, fez o registro, assinou termos de responsabilidade, passou por uma breve consulta médica onde foram aferidos seus sinais vitais, e enfim recebeu a dose.

“Não precisei fazer o PCR porque já havia feito no dia anterior. Permaneci no local por 30 minutos, tempo determinado para que fosse verificado se eu teria alguma reação. Não tive até hoje. No final do mês tomarei a segunda dose”, diz o médico, que contém a euforia de estar protegido contra o vírus.

O alagoano Bruno Montenegro pode ter sido o primeiro brasileiro a tomar a vacina, até mesmo antes da carioca Lúcia, de 55 anos, vacinada na Inglaterra, e tida como a primeira brasileira a se vacinar. “Para mim isso, não tem importância, mas quando olhei a data em que ela foi vacinada, constatei que me vacinei primeiro do que ela”, garante o cirurgião plástico.

“Para mim é um começo, ainda falta muita coisa. É claro que eu fico mais tranquilo, mas ainda tenho familiares, amigos e pacientes que não estão vacinados, e nós nos preocupamos com essas pessoas. Espero que várias vacinas sejam aprovadas, não torço por nenhuma específica. É preciso que as pessoas parem de politizar esse tema. Meu desejo é que tudo volte ao normal”, diz Bruno Montenegro.