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Meme de garota em frente a um incêndio é vendido por US$ 473 mil; entenda

TNH1 com Portal Seu Dinheiro | 28/04/21 - 10h09
Divulgação

A norte-americana Zoe Roth tinha apenas quatro anos quando uma foto sua sorrindo maliciosamente em frente a uma casa em chamas viralizou e a transformou na “Garota do Desastre”, um dos memes mais famosos do mundo.

Agora, 16 anos depois do meme, Zoe tem muitos motivos para sorrir. O NFT (Token não fungível, da sigla em inglês) da foto em questão, tirada por seu pai para um concurso da revista JPG, foi leiloado por US$ 430 mil (cerca de R$ 2,3 milhões) no dia 16 de abril.

A venda é mais uma prova de que a febre da criptoarte ainda não passou e deve continuar movimentando cifras altas nos próximos meses. Para quem está por fora do assunto, veja mais abaixo sobre o que são e como funcionam os NFTs.

A vingança dos memes

Até então, Zoe e sua família ainda não tinham obtido nenhum dinheiro com a fama. A ideia de embarcar na onda dos NFTs chegou a ela por meio de um e-mail de um conhecido, que sugeriu ganhos de até seis dígitos com a venda.

“Sem chance” foi seu primeiro pensamento ao ler a sugestão, conforme contou a estudante em uma entrevista ao jornal Raleigh News & Observer. Porém, após uma pesquisa que envolveu conversas com outras pessoas que venderam seus memes e a contratação de um advogado, o token foi a leilão.

“Poder vendê-lo mostra que temos algum tipo de controle em todo o processo”, declarou a garota desastre.

A expectativa inicial era de que o certificado arrecadasse 100 ether, a moeda digital da plataforma de blockchain Ethereum. Cerca de 24 horas depois, contudo, a foto foi comprada por 180 ether, o equivalente a US$ 430 mil no momento da venda.

Além disso, Zoe e seu pai estão de olho em uma futura valorização e se asseguraram de que, a cada vez que o NFT seja vendido, receberão 10% do valor correspondente.

O que é o NFT?

Como um grande fã de basquete, fiquei muito empolgado com o lançamento de “The Last Dance”, documentário da Netflix que conta a trajetória de Michael Jordan durante seu período no Chicago Bulls. Gostei tanto que quis comprar um Air Jordan 1, tênis que a Nike desenvolveu especialmente para o astro. “Todos querem ser como Jordan”, dizia a propaganda.

Tentando achar o melhor preço, vi que o par usado por Jordan na primeira temporada como jogador do Bulls foi leiloado por US$ 560 mil. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: como saber que aquele era o tênis usado pelo Jordan? Com certeza, alguém possuía um certificado que dizia “Jordan esteve aqui”, o que faz daqueles pares únicos no mundo.

Pronto, você entendeu a lógica dos NFTs. 

A palavra NFT vem de “non-fungible token”, ou “token não fungível”. Esse token é uma sequência única que não pode ser alterada e está sendo usada para dar autenticidade a objetos físicos ou digitais. Trata-se de outra aplicação da mesma tecnologia que permitiu o surgimento do bitcoin e das criptomoedas.

A palavra “fungível” para finanças vem da fundição do ouro, como explica André Franco, especialista em criptomoedas da Empiricus. “A fundibilidade é a possibilidade de você trocar uma unidade de uma coisa pela outra. Se você tem 1g de ouro você pode trocar por 1g de ouro, sem perda de valor”, explica ele. “Se eu te emprestar uma nota de dez e você me transferir dez reais, é a mesma coisa. Isso é ser fungível”. 

Mas no campo das artes, as obras têm um valor subjetivo, assim como os tênis do Jordan. Ou, por exemplo, um quadro feito por Picasso não terá o mesmo valor de uma reprodução feita por outro artista menos famoso. Assim, o token corresponde ao direito de posse daquela obra, atestando sua veracidade. 

“É como se você fosse no cartório registrar o seu filho. A certidão de nascimento diz que ninguém mais pode ter aquele nome, aquele número, nascido naquele dia. A diferença é que o cartório [quem armazena essa informação] é a blockchain”, como afirma Rocelo Lopes, especialista em tecnologia blockchain e criptoeconomia. 

O blockchain é o sistema de segurança utilizado pelas criptomoedas, o que garante a segurança e validade das transações. Atualmente, os NFT utilizam a rede da criptomoeda Ethereum para emitir e armazenar o certificado digital.