A advogada Danielle Buenaga, de 45 anos, está lutando para reverter a versão que foi dada oficialmente pelos órgãos de segurança, a Guarda Civil Municipal e a Polícia Civil do Rio de Janeiro, de que ela teria mordido pessoas no Camarote Arpoador, na Sapucaí, durante o carnaval 2025. A mulher, que virou meme e ficou conhecida como "Vampira da Sapucaí", disse ter se exaltado em legítima defesa após ser impedida de entrar no camarote depois de sair para fumar.
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"Um guarda me deu um mata-leão, me enforcando. Aí, sim, eu mordi o braço dele para me defender. Foi legítima defesa. Eu nunca me senti tão impotente. Uma mulher sozinha, com vários guardas em cima, e ninguém fez nada. Eu não sabia para onde estavam me levando, pois eles não falavam. Eu tive medo de sumirem comigo, sei lá. Todos os dias nesse país pessoas somem do nada", desabafou em entrevista ao jornal Extra.
Advogada, Danielle afirmou que não poderia ter sido algemada como foi. Ela compartilhou registros das marcas que ficaram em seu corpo após a situação. "Estou toda machucada. E era uma guarnição ligada à Lei Maria da Penha! Se eu fosse um homem, teriam feito isso?", questionou.
Ela contou que foi à Sapucaí para assistir ao desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, sua escola do coração. Por ser uma das primeiras a passar, Danielle disse que chegou cedo para encontrar um bom lugar. Mas, estando lá, quis sair para fumar e deixou a bolsa com um amigo, que guardaria o lugar dos dois. Na volta, o segurança cobrou da advogada o ingresso para retornar ao camarote, mas ela não tinha consigo pois havia deixado suas coisas com o amigo.
"Pedi para que alguém o chamasse. Ele disse que não podia fazer isso nem ninguém. Pedi para chamar um supervisor, e nada. Então pedi para fazer o reconhecimento facial, já que tive que sair de Itaguaí, onde moro, para ir à Copacabana cadastrar minha face quando peguei o kit. Nada", contou.
Danielle também questiona a versão que foi dada de que ela estaria mordendo pessoas no camarote. "Então, eu sou levada para uma delegacia e as vítimas não? Onde elas estão? Passados três dias, nenhuma pessoa que supostamente eu teria mordido apareceu para me acusar. Forjaram uma história para não assumirem o erro na entrada do camarote", disse.
Versão da Guarda Municipal
“Guardas municipais da Ronda Maria da Penha detiveram uma mulher, na noite desta terça-feira, 4, no Sambódromo, por estar mordendo pessoas em um camarote no setor cinco. A equipe foi acionada por um segurança no local. A mulher apresentava sinais de embriaguez e resistiu muito à abordagem, tentando inclusive morder os próprios GMs. A mulher foi conduzida para a delegacia.
Essa foi a terceira prisão feita pelas equipes da Ronda Maria da Penha da GM-Rio no Sambódromo. Os demais casos foram de flagrantes de violência contra a mulher, na sexta-feira, 28, e domingo, 2.
As equipes da Ronda Maria da Penha estão atuando tanto no Sambódromo quanto nos desfiles dos grandes blocos para coibir flagrantes de violência contra a mulher e também para conscientizar e prevenir esse tipo de violência durante a folia”.
O que diz a Polícia Civil
A ocorrência foi apresentada na projeção da 6ª DP (Cidade Nova), que fica na região da Sapucaí. A mulher foi presa em flagrante e deve responder pelos crimes de lesão corporal, resistência e desacato.
Após uma audiência de custódia, ficou definido que ela terá que cumprir medidas cautelares:
O Terra tenta também contato com o Camarote Arpoador, mas ainda não conseguiu retorno. O espaço está aberto.