Saúde

OMS irá discutir e definir regras para a edição de genes

O anúncio ocorreu uma semana após pesquisador chinês ter anunciado a utilização da técnica para modificar o DNA de bebês

VEJA.com | 04/12/18 - 21h43
Gene | Pixabay

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta segunda-feira, 4, que pretende convocar especialistas do mundo inteiro para discutir novas normas para a edição de genes em humanos. O anúncio acontece uma semana depois que o pesquisador chinês He Jiankui afirmou ter utilizado a técnica para modificar o DNA de bebês com a intenção de reduzir o risco de infecção por HIV – vírus causador da Aids. Desde o anúncio, a comunidade científica tem se posicionado contra o procedimento, destacando os riscos envolvidos no uso da edição genética – que é proibida em diversos países.

Segundo He, as alterações genéticas foram feitas por intermédio da CRISPR-Cas9, tecnologia capaz de reparar as falhas em embriões criados por meio de fertilização in vitro (FIV); a técnica torna possível alterar o DNA para inserir um gene necessário ou desativar aqueles que causam problemas.

Apesar de parecer a solução para doenças genéticas, especialistas alertam que a edição de genes pode ter consequências graves. “A edição ainda é experimental e está associada com mutações em genes não modificados, podendo causar problemas genéticos no início ou mais tarde na vida, incluindo o desenvolvimento de câncer”, explicou Julian Savulescu, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, ao The Guardian. 

Apesar de reconhecer a importância das técnicas de edição do genoma humano para entender as causas das doenças e beneficiar a saúde humana, a OMS adivertiu que ainda há muitas questões que precisam ser abordadas cuidadosamente. “O uso dessas tecnologias deve ser regulado por meio de padrões de supervisão ética e de direitos humanos. Estamos falando de seres humanos, a edição genética não deveria comprometer o futuro do indivíduo”, comentou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, durante coletiva de imprensa.

Por causa da polêmica, o governo chinês suspendeu as atividades de pesquisa e ordenou a “investigação imediata” do caso, afirmando que pretende punir os envolvidos (embora ainda não se saiba como isso será feito). Segundo a CNN, os principais geneticistas do mundo também solicitaram um inquérito independente sobre He.

He Jiankui desaparecido
Segundo jornais locais, He Jiankui teria desaparecido depois de se pronunciar em um evento científico em Hong Kong. A suspeita é de que ele esteja em prisão domiciliar. Entretanto, a Southern University of Science and Technology negou as alegações de que seu ex-pesquisador esteja preso.

Um representante da universidade disse ao South China Morning Post que “nenhuma informação está confirmada, apenas as que estão nos canais oficiais”. A entidade, que também anunciou uma investigação sobre o estudo, informou que deve atualizar o público tão logo tenha novas informações.