Pai de Gabriel Lincoln se emociona ao ver local onde filho foi baleado ainda sujo de sangue; veja

Publicado em 06/05/2025, às 12h09
Gabriel Lincoln morreu após ser baleado em Palmeira dos Índios - Arquivo Pessoal
Gabriel Lincoln morreu após ser baleado em Palmeira dos Índios - Arquivo Pessoal

Por TNH1 com TV Pajuçara

Uma cena durante o cortejo com o corpo do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, comoveu a população de Palmeira dos Índios, nessa segunda-feira (05), data que marcou o sepultamento do jovem vítima de tiros durante uma perseguição policial. O pai do menino, o comerciante Cícero Pereira, se emocionou ao ver o local onde o filho foi baleado ainda sujo de sangue. Ele precisou amparado por amigos e parentes.

Em entrevista à TV Pajuçara, nesta terça (06), Cícero comentou o momento e disse que a família vai em busca de Justiça. "Bateu aquela emoção, a saudade, e eu vi aquela cena que tinha presenciado no dia anterior. Mas, naquele momento, pedi para o carro da funerária parar, que eu ia lá. Me debrucei sobre a cena na qual presenciei três poças de sangue. Pedi para Deus me ajudar. Foi muito forte pra mim. É triste você ver seu filho com 16 anos brutalmente assassinado da maneira que foi. Acabou com a gente", relatou.

"O sonho acabou", disse pai sobre desejo do filho

O adolescente, prestes a encarar a vida adulta, tinha o instinto trabalhador, segundo o pai. Cícero contou que Gabriel pediu ajuda para ter um estabelecimento comercial, pois tinha o sonho de administrá-lo. Os pais, vendo o desejo do jovem, conseguiram montar um negócio que já contava com a participação do menino.

"Gabrielzinho estuda desde um ano e oito meses, e estava no segundo ano do Ensino Médio. O sonho dele era trabalhar. Eu comprei um ponto [comercial] para ele, montei uma pizzaria para ele há 15 dias. O sonho acabou. Ele queria trabalhar e dizia: "pai, me ajude". E eu fiz o que pude, eu e a mãe dele, e montamos isso para ele", comentou.

Pai de Gabriel se emociona ao falar sobre adolescente | Crédito: Reprodução/TV Pajuçara

Comerciante diz que filho nunca pegou em arma

Sobre a versão apresentada pela Polícia Militar, o pai de Gabriel destacou que o filho não estava armado, o que confronta o relato dos policiais de que houve uma troca de tiros. "Isso não é verdade. É uma narrativa que tentam colocar em cima do meu filho, e não condiz com a verdade. Ele nunca viu uma arma, nunca pegou em uma arma de brinquedo, que eu não permitia, de hipótese alguma, e a verdade vai vir à tona [...] As imagens, por si, falam. Que não houve reação", destacou.

"O único erro dele era estar inabilitado com a moto, e eu já estava respondendo um processo por causa disso. É um adolescente. Ele não tem carta e tinha medo que eu reclamasse dele, porque eu havia pedido para ele não pegar mais a moto, e nesse dia ele pegou. E aconteceu isso. E aí com medo ele tentou fugir dos policiais, mas que ele deu tiro e que estava armado, não, não existe. Essa narrativa não é verdade", complementou o pai.

Ainda de acordo com Cícero, a família não sabia que o jovem tinha ido ao supermercado para comprar alface. "Ele já tinha produzido três pizzas, e eu fui fazer a entrega. Quando cheguei, ele sabia que tinham mais pedidos. Aí ele ia em casa para tomar banho, e deixar a bolsa do irmão e a dele, porque ele já tinha vindo de uma festa da escola. É bem próximo [...] A gente não estava sabendo que ele ia no supermercado comprar alface. Foi quando cruzou com a polícia e eles disseram que ele invadiu o sinal. Eu não posso confirmar isso, porque não sei, e estamos colhendo imagens para verificar realmente o que aconteceu. Eu quero que a Justiça seja feita", finalizou o comerciante.

Tia de Gabriel relembra confusão com a polícia durante atendimento

A tia do jovem, Flávia Ferreira, disse que encontrou Gabriel coberto de sangue e com lesões no corpo. Ela disse que a polícia não queria deixar os familiares entrarem na unidade de saúde, o que causou revolta.

"Quando chegamos na Unidade de Pronto Atendimento, não reconhecemos o meu sobrinho. Ele estava cheio de sangue. Ele estava machucado. Quando chegamos na UPA, a polícia não queria deixar a gente entrar para ver ele. O meu filho chegou a chutar o portão do local. Eu entrei desesperada, gritando e dizendo que eles não tinham matado um bandido. Eles mataram uma criança, que estava só começando a vida", disse.

Ainda segundo ela, os militares também proibiram que os parentes tirassem foto e um agente teria pego no braço dela com força. "Os policiais não queriam deixar a gente tirar foto também. Teve um policial que pegou no meu braço, para que eu não entrasse na sala e tirasse fotos do meu sobrinho. Depois que o meu filho ponderou, que disse qual era artigo que impedia a família de tirar fotos, eles mudaram de tom. Meia hora depois não ficou um policial na UPA", afirmou.

A família de Gabriel Lincoln deve se reunir com as autoridades da Segurança Pública na sede da gestão no Centro de Maceió ainda nesta terça-feira (06). O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

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