Economia

Procura por empréstimo cresce 13,3% no último mês; veja os 8 erros mais comuns antes de solicitá-lo

Extra Online | 29/06/22 - 08h30
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em meio a um cenário de inflação crescente e com a população mais endividada — com 77,4% das famílias com débitos (em atraso ou não), segundo o último balanço mensal da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic-CNC) —, a busca por empréstimo tem crescido. Uma pesquisa da Serasa mostra que os pedidos de crédito aumentaram 13,3% em um mês, entre maio e abril, o maior crescimento desde o início de 2022.

Na comparação anual, entre maio passado e de 2021, o crescimento foi de 11,2%. O Indicador de Demanda do Consumidor por Crédito também aponta que, no mês passado, quem mais procurou linhas de crédito foram aqueles que recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, 14,3% a mais do que no mês anterior. A demanda de pessoas com renda mensal de até R$ 500 teve aumento de 10,8%.

— Mesmo com a alta da taxa de juros, consumidores continuam atuando com o modelo de consumo por necessidade e utilizando o crédito para honrar compromissos financeiros, além de complementar o pagamento de itens e serviços prioritários que não puderam ser pagos com o orçamento mensal habitual — diz o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Para evitar transformar o empréstimo numa dor de cabeça, especialistas alertam que o crédito deve ser consciente, pelo menor prazo e valor. Para isso, é preciso fazer o dever de casa, avaliando todas as condições e taxas e comparando as ofertas.

Coordenador do MBA em Finanças do Ibmec-RJ, o economista Gustavo Moreira lembra que o mais importante é evitar ao máximo ter que recorrer ao empréstimo. O tão lembrado planejamento financeiro, ele diz, precisa fazer parte do dia a dia das famílias.

— O empréstimo deveria ser uma alternativa apenas em última instância. É preciso uma reserva de emergência. Se estamos pensando em comprar algo de alto valor, o ideal é poupar antes, e não recorrer a um crédito para isso. Juros são dinheiro que você basicamente "joga fora", e no fim, o valor pago é muito mais alto do que o inicial — afirma.

Veja os principais erros na hora de contratar empréstimo

Não pesquisar os diferentes tipos de crédito

Existem diferentes tipos de empréstimo disponíveis no mercado: crédito pessoal, consignado, com garantia, cheque especial, penhora... Pesquisar as opções é essencial para entender qual das ofertas se adequa mais à sua realidade. Cada um deles oferece diferentes tipos de taxa e riscos.

Para Myriam Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), o crédito pessoal é mais vantajoso, desde que quitado em até 12 meses e após a taxa de jursos ser negociada.

— O consignado, por mais baixo que seja, se fechado com mais de 12 meses de prazo de pagamento, se torna um martírio pela redução do salário. Usar o imóvel como garantia também é muito arriscado. Se você não faz um empréstimo consciente, você corre risco de perder o bem — diz.

Não comparar

Antes de assinar o contrato, é muito importante analisar as ofertas disponíveis, comparando as taxas de juros oferecidas e o prazo de pagamento. Para especialistas, o prazo de pagamento deve ser sempre o menor possível, de no máximo 12 meses, período em que é possível um "sacrifício" maior no orçamento familiar para que o valor seja quitado — algo mais difícil de se manter em 36 ou 48 meses, por exemplo.

Já os juros devem ser negociados. No site do Banco Central (bcb.gov.br/estatisticas/txjuros), é possível checar as taxas praticadas pelas instituições financeiras nas diferentes modalidades de crédito.

Não entender o que compõe a dívida

Para além da taxa de juros, outros tributos e taxas, que podem variar de instituição para instituição, compõe o valor final que será cobrado do consumidor pelo empréstimo, o chamado Custo Efetivo Total (CET).

Não ler o contrato com atenção

Sabe as chamadas "letras miúdas"? Precisam receber toda a atenção. O consumidor deve conferir se tudo que é oferecido está disposto no contrato, como o valor solicitado e as taxas e tributos informadas. Se não entender bem o que está escrito, pergunte ao atendente e tire todas as dúvidas antes de assinar.

Pegar um valor mais alto que o necessário

Em que o valor será usado? O consumidor precisa conseguir responder a essa pergunta de maneira objetiva, para evitar que acabe se endividando ainda mais. Para isso, deve se ter em mente qual o valor realmente necessário.

Além disso, os especialistas alertam que é preciso evitar contrair empréstimo para o consumo de bens desnecessários ou supérfluo, e também para quitar outros empréstimos. Nesse caso, a renegociação é o caminho.

Não se planejar para pagar

Apesar das recomendações de especialistas para que o orçamento esteja sempre em dia, o cenário de inflação alta, desemprego e endividamento acaba dificultando que o planejamento financeiro das famílias seja colocado em prática. Mas, na hora de tomar crédito, isso toma outra proporção, já que o pagamento das parcelas pode acabar piorando a situação financeira.

O valor da parcela precisa caber no orçamento, com alguma folga caso algum imprevisto aconteça, como a perda do emprego, por exemplo.

Não se certificar de que a instituição é confiável

Além dos bancos, muitas instituições financeiras oferecem os mais diferentes tipos de empréstimo. Mas elementos fora da normalidade, como uma oferta boa demais para ser verdade, chamam a atenção. Para evitar cair em um golpe, por exemplo, é preciso estar atento se a empresa é confiável. Pesquise se a empresa tem alguma página na internet e procure feedbacks de outros clientes.

Um caminho é checar no Banco Central (BC) se ela é registrada e tem autorização para operar. A busca é simples: primeiro, é preciso acessar o site do BC (bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/encontreinstituicao). Na página, é possível buscar a instituição por segmento, nome, CNPJ, estado e/ou município em que atua.

É golpe: pagar taxas ou valores adiantados

Taxas extras podem ser cobradas na contratação de empréstimo, mas são inclusas no Custo Efetivo Total (CET) e abatidas no valor do empréstimo. Qualquer valor que precise ser pago adiantado não deve ser cobrado. Segundo especialistas, é uma modalidade de golpe que deve ser denunciada ao Banco Central.

Fonte: Myriam Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Gustavo Moreira, coordenador do MBA em Finanças do Ibmec-RJ.