Saúde

Proibida em 62 países, palmada pode levar a problemas de saúde mental, diz pesquisa

Crescer Online | 20/06/22 - 14h12
A palmada foi associada a sérios problemas de saúde mental em adultos jovens | Foto: Reprodução/Pexels

Pesquisadores australianos associaram a palmada a um aumento nos problemas de saúde mental no início da idade adulta. O estudo da Universidade Católica Australiana descobriu que seis em cada 10 indivíduos de uma amostra de 8,5 mil relataram ter apanhado dos pais ou responsáveis pelo menos quatro vezes durante seus primeiros anos. 

A pesquisa, que se concentrou em entrevistados com idades entre 16 e 24 anos, descobriu que meninas que apanhavam quando crianças eram 1,8 vezes mais propensas a desenvolver um transtorno depressivo maior. Aquelas que sofreram violência também eram 2,1 vezes mais propensas a sentir ansiedade. Já os jovens relataram problemas semelhantes, sendo quase duas vezes mais propensos a desenvolver depressão e ansiedade se fossem punidos fisicamente quando crianças.

O professor da Universidade Católica Australiana, Daryl Higgins, agora está pedindo que o castigo físico seja proibido na Austrália, onde a prática ainda é legal. Lá, diferentes estados têm suas próprias regras para o que é considerado lícito ao disciplinar crianças. Em New South Wales, a punição não deve "causar dor que dure mais do que um breve momento" e "evitar o pescoço ou a cabeça". Enquanto em Victoria, a palmada deve ser considerada "razoável diante das circunstâncias", mas ainda legal.

Em entrevosta à ABC Radio Melbourne, o professor Higgins disse: "É hora de mudar as leis e garantir que as crianças estejam protegidas da violência em sua casa, assim como na creche". Ele pediu que elas sejam protegidas pela lei, da mesma forma que os adultos. "Existe uma conexão muito real entre o castigo corporal e a experiência atual e ao longo da vida de problemas de saúde mental" , disse ele ao The Herald Sun. Em vez de bater, o professor Higgins disse que os pais deveriam empregar técnicas de reforço positivo para disciplinar seus filhos. Segundo ele, o único benefício de bater é "conformidade imediata", mas que essa solução rápida está "vinculada a danos a longo prazo".

Atualmente, o castigo corporal está proibido em 62 países em todo o mundo, incluindo o Brasil. Aqui, a Lei da Palmada, como ficou conhecida, define punições para castigo físico (ação punitiva ou disciplinar aplicada com emprego de força física que resulte em sofrimento físico ou lesão) ou tratamento degradante (aquele que humilha, ameaça gravemente ou ridiculariza) contra crianças ou adolescentes, e está em vigor desde 2014.