Conhecido como "Professor", traficante apontado como líder do Comando Vermelho vive recluso há cinco anos no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, onde mandou construir piscina e fez lipo, implante capilar e cirurgia para retirada de bala da cabeça.
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Fhillip da Silva Gregório é um dos chefes do tráfico de drogas no Rio. Aos 37 anos, ele comanda a favela da Fazendinha, no Complexo do Alemão, zona norte carioca. Segundo a Polícia Federal, é considerado foragido desde 2018, quando recebeu autorização para VPL (Visita Periódica ao Lar) e nunca mais voltou ao presídio. O VPL é um benefício que permite a presos do regime semiaberto passarem determinados dias fora da prisão para convívio familiar, com obrigação de retorno.
"Professor" havia sido preso em 2015 e condenado a 14 anos de prisão por tráfico e associação criminosa. Ele foi encontrado em um sítio em Seropédica, usado como entreposto para armazenar drogas e armas; no local havia 100 kg de cocaína. O benefício foi concedido em setembro daquele ano, quando ele estava no Instituto Penal Edgard Costa. Desde então, desapareceu do sistema prisional e passou a figurar na lista de procurados do Disque Denúncia, com mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado.
Antes disso, já acumulava passagens e ligações com a logística do crime. Em 2012, foi preso com comprovantes de depósitos bancários destinados a traficantes da Nova Brasília e anotações contábeis do tráfico.
LIPOASPIRAÇÃO E IMPLANTE - Mesmo cercado pela pobreza, leva vida de luxo e ostentação. Mensagens analisadas pela PF revelam que Professor reformou sua mansão na comunidade, onde instalou piscina, hidromassagem e um pequeno centro cirúrgico. Lá, realizou ao menos três procedimentos: uma lipoaspiração, um implante capilar e a retirada de um projétil da cabeça.
O traficante também atua como "benfeitor" da comunidade para ampliar sua influência. Entre as ações atribuídas a ele estão a distribuição de brinquedos para crianças, pagamento de médicos e remédios para moradores e o financiamento de bailes funk e shows de pagode. A PF (Polícia Federal) entende que essas iniciativas servem para consolidar seu poder e reforçar sua posição como liderança local.
A PF apurou que ele investe parte dos lucros do tráfico para garantir proteção. Gregório seria responsável pela aquisição e transporte de armas, drogas e munição para o Comando Vermelho. Conversas interceptadas mostram o pagamento de propinas a policiais militares, que chegam a reclamar dos valores: "Favela grande, só manda isso", escreveu um PM, segundo relatório obtido pelo UOL.
Em outro diálogo, "Professor" critica a qualidade das armas oferecidas por fornecedores. Segundo interceptações citadas pela Folha de S.Paulo, ele afirma: "Aqui no Rio a gente não usa mais esse calibre não, é muito fraco". A fala reforça seu papel como comprador exigente e estratégico na facção.
Gregório também está no centro de um esquema internacional bilionário de tráfico de armas. Ele é um dos alvos da Operação Dakovo, que desmantelou um consórcio criminoso responsável por importar 43 mil armas da Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia. Os armamentos chegavam ao Paraguai, tinham a numeração raspada e eram revendidos a grupos que operavam na fronteira com o Brasil.
Ele mantinha interlocução direta com os intermediários da empresa responsável pelas armas. Segundo a Folha, seu principal contato era Angel Flecha, representante da IAS-PY, empresa ligada ao argentino Diego Hernan Dirísio, apontado como operador do esquema. A movimentação do grupo teria gerado cerca de R$ 1,2 bilhão.
Comandando de dentro da Fazendinha, mantém uma rotina cercada de segurança e articulações com criminosos da Bolívia, Colômbia e Peru, segundo apuração da PF.
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