Alagoas

"Reféns são seis agentes para mil presos", rebate presidente do Sindapen

Presidente do Sindicato se refere a uma situação onde ele ficou sob ameaça de um faca por um dos detentos

15/05/16 - 07h51
João Victor Souza

O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen) se manifestou sobre as declarações do juiz da Vara de Execuções Penais ao TNH1

José Braga Neto disse que o Estado estaria "refém" da categoria, que as greves da categoria são interrompidos serviços como audiências judiciais, que precisam da escolta de presos até fóruns além de tratamento médico, entre outros. 

Braga Neto disse ainda que os efeitos colaterais da greve - a mais recente iniciada na última sexta-feira, 13, prejudica a ressocialização dos detentos. Ontem os presos do Cyridião Durval e do Cadeião iniciaram uma rebelião, com direito a queima de colchões.

Kleyton Anderson Pessoa, presidente do Sindapen rebate as críticas num tom não menos pesado. 

"Quem está refém de alguém aqui somos nós. Aliás, eu mesmo já fui refém; fiquei com uma faca no pescoço numa fuga onde saíram 4 presos armados. Naquela ocasião tínhamos um efetivo de 6 agentes para tomar conta de 1000 presos no dia. Refém somos nós, que estamos diante de esgoto a céu aberto nos locais em que ficamos. Refém somos nós que ficamos em baixo de uma lage no Cadeião, onde a Serveal já condenou e mandou a mesma ser demolida e nada foi feito. Refém somos nós que temos que além de proteger nossas vidas com um mínimo de efetivo, e ainda proteger a sociedade de uma fuga em massa. Refém somos nós, que não temos um as mínimas condições de trabalho e mesmo assim querem que trabalhemos sem reclamar", afirmou o sindicalista.

Sobre a ressocialização, Kleyton Pessoa aponta falhas na gestão do Sistema Prisional que, segundo ele, "joga o preso na masmorra e esquem". 

"Porque o ilustríssimo magistrado está tão preocupado com o preso e não pede para abrir o presídio que está fechado há mais de 9 meses esperando a co-gestão, enquanto os presos se amontoam em uma cela que cabem apenas  2  e hoje abrigam 10. Por que o magistrado não cobra do Estado uma alimentação melhor. Por que não se cobra o cumprimento digno da pena, ao invés de jogar o preso na masmorra e esquecê-lo lá. Não somos nós que ressocializamos o preso. Fazemos a custódia e a manutenção da disciplina lá dentro. E diga-se de passagem, bem feita. Apesar da total falta de condições", disparou.

Ainda segundo o Sindapen, a greve não tem data para acabar.