Contextualizando

"Reforma ministerial deu errado antes de ser feita"

Em 25 de Fevereiro de 2025 às 10:10
Jornalista Josias de Souza:
"Dizia-se que Lula faria uma reforma ministerial depois da eleição municipal de 2024. Não fez. A dança de cadeiras viria antes do Natal. Não veio. A reformulação ocorreria nas pegadas da escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado. Exceto pela troca de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secom e pela carbonização de Nísia Trindade na Saúde, nada aconteceu. Às vésperas do Carnaval, 'nada' vai se convertendo numa palavra que ultrapassa tudo.
Na primeira reunião ministerial de 2025, Lula disse que '2026 já começou'. E fez uma cobrança aos ministros de legendas supostamente aliadas. 'Estamos chegando num processo eleitoral e a gente não sabe se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não', disse ele, antes de emendar uma cobrança: 'Essa é uma tarefa de vocês.'
Ficou entendido que um dos objetivos da alardeada reforma seria acorrentar o centrão ao plano eleitoral de Lula. No último final de semana, o governador goiano Ronaldo Caiado foi às redes para informar que sua pré-candidatura presidencial será formalizada em abril, num ato político na Bahia. O União Brasil, partido de Caiado, controla três ministérios sob Lula.
Chefe do PSD, Gilberto Kassab reiterou na sexta-feira que seu partido, à frente de outros três ministérios, terá presidenciável próprio. Ciro Nogueira, mandachuva do PP, diz que a maioria da legenda preferiria se retirar do governo. Marcos Pereira, presidente do Republicanos, o partido de Tarcísio de Freitas, avisou que sua legenda deve apoiar um candidato de centro-direita, não Lula. PP e Republicanos comandam um ministério cada um.
Aos pouquinhos, consolida-se o vaticínio feito por Arthur Lira antes de deixar a presidência da Câmara. Padrinho do presidente da Caixa Econômica Federal e candidato a ministro, Lira declarou que 'uma base de apoio para governar é diferente de uma base de apoio eleitoral". Soou como se enxergasse Lula como candidato a náufrago: 'Ninguém embarca em um navio se sabe que ele vai naufragar.' 
É impossível dizer como terminará a propalada reformulação da equipe de Lula. Mas já pode afirmar que a coisa deu errado antes de ser concluída. Não há sobre o balcão nada que se pareça com mérito. As pretendidas mudanças relacionam-se com o tamanho do cofre de cada pasta, não com um projeto de país.
A fragmentação da direita mantém Lula no páreo de 2026. Mas o centrão trata o governo como uma espécie de Titanic. Não fosse pelo orçamento, cujas liberações ainda não se tornaram 100% compulsórias, Lula talvez não recebesse dos aliados nem 'bom dia'."

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