Economia

Reforma não basta para investidor, diz economista do Goldman Sachs

Folhapress | 22/07/19 - 22h10
Reprodução/Veja

A volta do investidor estrangeiro para a economia brasileira depende mais do desempenho de países como China, Índia e África do Sul, do que da reforma da Previdência, avalia economista Cesar Maasry, que comanda a área de mercados emergentes do banco americano Goldman Sachs.

"O cenário doméstico não é o fator mais importante para o fluxo estrangeiro, e sim o cenário global e o apetite por risco em emergentes. É necessário que haja a perspectiva de que o ciclo de crescimento esteja no meio e não do fim", afirma Maasry.

Para Maasary, a reforma da Previdência pode trazer mais fluxo estrangeiro, mas não é o principal componente para a retomada da economia, assim como o corte na taxa básica de juros.

Segundo o boletim Focus desta segunda-feira (22), a taxa Selic deve terminar o ano a 5,5%. Hoje, a taxa é de 6,5%.

​"Os mercados estão muito focados em um corte na Selic, mas isso não é o suficiente. Incentivos fiscais são necessários para a recuperação econômica", afirma.

O economista, inclusive, tem a expectativa de crescimento para o país em 2020 no patamar de 1%. Em maio deste ano, a previsão do PIB (Produto Interno Bruto) oficial do banco era de 2,8% para 2020 e de 1,2% para 2019.

"No caso do Brasil, a economia depende da atividade econômica, preços da commodities e condições financeiras e apenas um está funcionando para o Brasil no momento, que são as commodities. Isso que me preocupa na economia não crescer".

A projeção é mais modesta do que a média do mercado. Segundo o Focus, a expectativa para 2020 é de crescimento de 2,10%.

O Ibovespa também não anima o banco. Para o Goldman Sachs, a meta para o Ibovespa é de 106 mil pontos, patamar atingido durante o pregão em 10 de julho. Com o objetivo alcançado, a indicação para a Bolsa brasileira do banco se torna neutra.

Desde o pico, com aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, o índice tem operado na casa dos 103 mil pontos.

Segundo Maasary, um nível mais alto seria possível apenas com o crescimento da economia. Algo que não está no panorama por enquanto.

Para a China, maior parceiro comercial do Brasil, o banco prevê que a desaceleração no crescimento continue. Neste ano, o país deve crescer cerca de 6%. Em 2020, 5%.