Política

Sem explicação prévia, exoneração de ministro causa saia-justa

06/02/19 - 12h26

A exoneração temporária do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, feita nesta quarta-feira (6) sem explicações prévias do Palácio do Planalto, causou uma saia-justa no novo governo.

Nas primeiras horas da manhã, após a decisão ter sido publicada no "Diário Oficial da União", assessores e auxiliares presidenciais não sabiam explicar se ele havia sido demitido definitivamente ou apenas para assumir mandato parlamentar.

Nas redes sociais, a deputada federal Carla Zambeli (PSL-SP) chegou até a elogiar o presidente Jair Bolsonaro pela decisão. "É a atitude correta, inclusive para que o ex-ministro cuide de sua defesa sem que os trabalhos no ministério fiquem prejudicados", escreveu.

A iniciativa também foi comentada pelo candidato do PSOL à sucessão presidencial do ano passado, Guilherme Boulous. "Primeiro a cair no laranjal, ministro do Turismo foi exonerado hoje. Enquanto isso, Flávio Bolsonaro é indicado pelo PSL para a Mesa do Senado", escreveu.

Na última segunda-feira (6), a Folha de S.Paulo revelou que o ministro patrocinou esquema de candidaturas laranjas que direcionou verba pública para empresas ligadas ao seu gabinete parlamentar. Diante da suspeita, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu a apuração da denúncia.

Procurado pela Folha de S.Paulo após a exoneração ter causado repercussão nas redes sociais, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, esclareceu que Marcelo Álvaro deixou o cargo apenas para assumir o mandato de deputado federal e que, ainda nesta semana, voltará à função ministerial.

Na opinião de assessores presidenciais, que preferiram manter anonimato, o novo governo deveria ter informado previamente o motivo da demissão, evitando que se criasse um constrangimento diante do momento delicado pelo qual atravessa o ministro.

Na semana passada, por exemplo, quando foram exonerados os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Osmar Terra (Cidadania) para assumirem mandatos parlamentares, os afastamentos chegaram a ser informados previamente.

Marcelo Álvaro disse à Folha de S.Paulo que a sua exoneração, diante das atuais suspeitas, "foi uma infeliz coincidência" e negou todas as acusações.

Para o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), não houve desconforto na bancada do partido. Segundo ele, no grupo de WhatsApp dos parlamentares, foram feitas apenas manifestações favoráveis ao ministro. 
"Quando eu vi de manhã eu já liguei para ele dizendo que tinha todo o meu apoio", afirmou Waldir, que disse, porém, não ter sido informado com antecedência de que a exoneração era apenas uma formalidade.