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Trans reconhece por foto homem que quebrou seu dente em SP; polícia analisa vídeos

G1 | 15/06/22 - 10h43
Advogado Caue Machado, trans Priscyla Rodrigues e Agripino Magalhães | — Foto: Divulgação/Jonas Reis

A transexual que aparece em um vídeo apanhando de um homem que deu socos em seu rosto e quebrou seu dente, na semana passada, foi a uma delegacia especializada nesta terça-feira (14) em São Paulo, onde reconheceu o agressor por foto. As imagens viralizaram na internet (veja acima).

Apesar de já ter o nome do suspeito, a Polícia Civil quer analisar mais vídeos que o mostrariam agredindo outras mulheres transexuais, todas garotas de programa, para ter a convicção de que se trata da mesma pessoa e, depois disso, poder confirmar a sua identidade. Em outra filmagem, feita no início do mês no mesmo local, um morador aparece jogando água em uma trans. Os dois casos foram na Zona Sul da capital.

A Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) ouviu na tarde desta terça o depoimento de Priscyla Rodrigues, de 26 anos, que pediu a abertura de um inquérito para investigar o homem pela acusação de transfobia. Ela foi ao local acompanhada de seu advogado, Caue Machado, e do ativista LGBTQIAP+ Agripino Magalhães, que dá assessoria a trans.

Priscyla é a garota de programa que aparece no vídeo gravado na última quinta-feira (9) por outra trans. Em seu depoimento, ela reconheceu um homem que aparece numa fotografia como sendo o mesmo que a xingou quando ela trabalhava na esquina da Alameda Quinimuras com a Avenida Irerê, na Saúde, Zona Sul da capital.

Segundo Priscyla falou na delegacia, além de bater nela, o agressor a ofendeu dizendo: "Toma seu viado, filha da puta, traveco". De acordo com a vítima, ele não queria que ela trabalhasse perto da casa dele.

A trans também reconheceu por foto na Decradi uma mulher que, segundo ela, seria esposa do agressor. "Bate mais nela. É isso aí. Agora vocês vão sair da rua", disse Priscyla sobre o que ouviu dela. O possível nome da mulher também está apurado pela delegacia.

O advogado da vítima disse que sua cliente foi orientada a procurar uma delegacia especializada para investigar o caso. Antes, ela havia feito um boletim de ocorrência no 27º Distrito Policial (DP), Campo Belo, que foi registrado somente como lesão corporal.

"Primeiro queria dizer que Priscyla foi tratada de forma digna na Decradi. Depois, entendo que a polícia deve indiciar o casal. O homem, no meu entender, tem de responder por transfobia e lesão corporal. A mulher dele, por incitação ao crime", falou Caue ao g1. "Como ele cometeu mais crimes com outras vítimas, espero que a polícia possa pedir a prisão preventiva dele à Justiça".

"Sensação de deve cumprido, de não deixar impune um crime praticado por um indivíduo transfóbico, que agride mulheres LGBTQIAP+. Hoje estamos aqui na Decradi para registrar e pedir providências junto a Polícia Civil e a Justiça para que esse agressor possa responder na forma da lei e ser preso. É o que nós queremos", falou Agripino à reportagem.

Quem tiver informações sobre o agressor, pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) orienta outras vítimas do mesmo homem a procurarem a delegacia da região para denunciá-lo.








Imagens da agressão
Imagens da agressão (Foto: Reprodução )