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Trump tem conversa "amigável" com presidente mexicano, mas exige mudanças

27/01/17 - 22h36
Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que teve um contato amigável pelo telefone com o presidente do México nesta sexta-feira, mas frisou que ele vai renegociar acordos comerciais e outros aspectos das relações entre os dois países porque o México “bateu demais em nós” no passado.

Os dois presidentes falaram por cerca de uma hora nesta sexta, um dia depois de o presidente Enrique Peña Nieto ter cancelado um encontro planejado para Washington na semana que vem por conta da posição de Trump de que o México deve pagar por um muro de fronteira de muitos bilhões de dólares.

"Foi um telefonema muito, muito amigável”, disse Trump durante entrevista à imprensa junto com a primeira-ministra britânica, Theresa May.

"Nós vamos trabalhar para uma relação justa e uma nova relação” com o México, acrescentou Trump. “Mas os Estados Unidos não podem continuar a perder grandes quantidades de negócios, grandes quantidades de empresas, e milhões e milhões de pessoas perdendo os seus empregos...Isso não vai acontecer comigo.”

O peso mexicano ampliou os ganhos com as notícias sobre o telefonema.

A renovada insistência de Trump de que o México pague pelo muro e o cancelamento por Peña Nieto da visita aprofundou a crise entre os dois países na primeira semana do governo Trump.

Trump disse que o México “negociou melhor que a gente e nos bateu demais durante os nossos líderes passados. Eles nos fizeram parecer tolos”.

Ele disse que os EUA vão “renegociar os nossos acordos comerciais, e nós vamos renegociar outros aspectos da nossa relação com o México. E no final acho que isso vai ser bom para os dois países”.

O presidente republicano vê o muro, uma importante promessa da sua campanha, como parte de um pacote de medidas para cortar a imigração ilegal. O México há muito insiste que não vai acatar as exigências de Trump para pagar pela construção do projeto.

O governo mexicano disse em um comunicado que Peña Nieto e Trump concordaram em não falar publicamente no momento sobre o pagamento do muro e descreveu o telefonema como "construtivo e produtivo".

A Casa Branca informou que durante o telefonema Trump e Peña Nieto reconheceram suas diferenças sobre o muro, mas concordaram em trabalhá-las.

Na quinta-feira, Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, fez o peso cair para a sua menor cotação do dia quando disse a jornalistas que Trump queria uma taxa de 20 por cento sobre as importações mexicanas para pagar pelo muro.

Spicer não entrou em detalhes, mas os seus comentários lembraram uma ideia existente, conhecida como taxa de ajuste de importação, que a Câmara dos Deputados dos EUA está considerando como parte de uma ampla reforma fiscal.

México e EUA vão permanecer num impasse se não resolverem a exigência “inaceitável” de Trump pelo pagamento do muro, disse nesta sexta o ministro da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo.

De volta ao México depois de negociações frustradas em Washington, Guajardo também manifestou preocupação com a “imprevisibilidade” de Trump e os seus hábitos no Twitter.