Alagoas

Turista sofre três paradas cardíacas e sobrevive em Barra de São Miguel

12/04/19 - 15h07

Francisco de Freitas, natural de Brasília, sofreu três paradas cardíacas, enquanto passava um período de férias na Barra de São Miguel, Litoral Sul de Alagoas. As paradas foram revertidas por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Posteriormente, o aposentado de 76 anos foi encaminhado para o Hospital do Geral do Estado (HGE), onde fez um cateterismo na Unidade de Hemodinâmica.

“Essa é a quarta vez que visito Alagoas e tenho certeza que não estava aqui por acaso. Vim para ser salvo pelos profissionais que fazem a saúde pública aqui no Estado”, destacou Francisco de Freitas, ao lado da esposa, Maria de Freitas, que chegaram a Alagoas no último dia 24 de março, acompanhados de um casal de amigos. No dia 27, enquanto caminhavam pela praia, o aposentado sentiu um incômodo na região do peito e retornaram para o hotel em que estavam hospedados.

“Francisco foi até o chuveirão para tirar a areia dos pés, foi quando o vi se apoiar no cano e ele caiu no chão. Nesse momento, me desesperei, mas apareceram dois anjos para nos ajudar e salvar a vida do meu marido”, contou Maria de Freitas, acrescentando que os primeiros “anjos” que socorreram seu marido foi um casal de médicos que também estava hospedado no mesmo local.

“Em menos de 10 segundos, os médicos começaram a fazer as manobras de massagem cardíaca no meu esposo, enquanto ligavam para o 192 e pediram socorro ao Samu. Até a ambulância chegar, continuaram a fazer as massagens cardíacas”, lembrou a esposa de Francisco de Freitas.

Ao receber a ligação e, pela gravidade da situação, uma Unidade de Suporte Avançado (USA), que é uma UTI móvel, foi liberada do ponto de apoio do bairro do Trapiche. Em poucos minutos eles chegaram até o hotel onde o aposentado de Brasília estava hospedado.

Ocorrência Marcante – Entre os socorristas que estavam na ambulância do Samu, a enfermeira Claudeane Nascimento diz que esta ocorrência vai ficar marcada para sempre em sua memória. “Em casos de parada cardíaca é muito difícil fazer com que o paciente volte e permaneça acordado durante o trajeto e foi isso que aconteceu com o Francisco. Para realizar o transporte, precisamos entubar o paciente, que ainda teve outra parada dentro da ambulância. Foram necessárias duas desfibrilações para que o coração dele tivesse os batimentos normalizados”, relatou emocionada a enfermeira.

Com o paciente estabilizado, o Samu o encaminhou para o HGE, onde Francisco deu entrada na Hemodinâmica da unidade de saúde. De acordo com Rafael Cavalcanti, cardiologista intervencionista do HGE, todo o atendimento, desde o momento da parada cardíaca até o tratamento definitivo do paciente, foi feito em um tempo médio de uma hora e meia, o que é considerado um período muito bom para as situações de infarto.

“Assim que o aposentado Francisco deu entrada na Unidade de Hemodinâmica, fizemos um cateterismo para investigar o motivo da parada e percebemos que a principal artéria do coração estava com 99% de obstrução. Com esse diagnóstico, o médico realizou uma angioplastia primária com o implante de um stent farmacológico, dispositivo moderno que libera medicamentos e reduz as chances de novas obstruções”, explicou Rafael Cavalcanti.

Para o médico, todo o primeiro atendimento feito, desde o momento inicial do infarto, contribuiu para uma recuperação excelente do paciente, que não ficou com nenhuma sequela. “Nas situações de infarto, quanto mais tempo o músculo do coração fica sem sangue, devido à obstrução do vaso, mais músculo cardíaco morre, o que pode deixar graves sequelas, levando à insuficiência cardíaca. A agilidade do socorro prestado pelo Samu e a orientação do médico regulador para continuar a massagem, permitiram a recuperação completa das funções do coração”, salientou Rafael Cavalcanti.

Salvo por heróis – O aposentado de 76 anos já tinha infartado aos 40 anos. Ele também tem diabetes e hipertensão e já tinha implantado anteriormente outros seis stents. O aposentado agradeceu a todos os profissionais que cuidaram dele, desde o casal que acionou o Samu e fez a massagem, aos socorristas do Samu, como toda a equipe do HGE e também do Hospital do Coração de Alagoas, além da equipe do hotel onde estava hospedado.

“Só tenho elogios a fazer por toda a eficiência em todas as etapas do atendimento. Se eu estivesse em Brasília, não sei se teria um atendimento tão rápido como o recebido em Alagoas. Fui muito bem tratado, de forma humanizada, e conseguimos perceber a qualidade e dedicação de todos os funcionários do HGE e Samu”, destacou.

Francisco de Freitas e a família retornaram para Brasília na última quarta-feira (10). Ele disse que irá ficar 30 dias de repouso absoluto e depois vai retornar ao cardiologista para uma revisão da cirurgia e realizar novos exames.

“Gostaria de registrar meu profundo agradecimento aos heróis que me permitiram estar aqui para contar essa historia. Graças a eles, poderei aproveitar por muito mais tempo a companhia da minha esposa e dos meus três filhos”, ressaltou emocionado.

Atendimentos em 2019 – Nos três primeiros meses de 2019, as Centrais do Samu de Arapiraca e Maceió fizeram 238 atendimentos cardiológicos. Já a Unidade de Hemodinâmica do HGE, desde a sua criação, em junho de 2016, realizou 2.294 cateterismos e 1.355 angioplastias, com um total de 3.649 vidas salvas.